Novas estratégias e novidades corporativas na BNY Mellon IM

Sasha Evers
Foto Cedida

A maior mudança protagonizada pela BNY Mellon IM em termos de negócio aconteceu há mais de seis meses. O interlocutor para essa novidade foi Sasha Evers, managing director da entidade, que em conversa com a Funds People Portugal falou sobre a gama de produto, as alterações no negócio e ainda sobre a forma como ausculta atualmente o mercado português.

De forma a lucrarem em termos de sinergias, “a maior mudança em termos de negócio”, levada a cabo pela entidade, foi uma fusão entre três boutiques norte-americanas do universo BNY Mellon. A Mellon Capital, a Standish e a The Boston Company AM passaram a ser uma entidade só, que herdou o nome de uma delas: Mellon. “Com esta fusão fizemos sinergias de backoffice e middle office, com um corte de custos significativo. Tratavam-se de empresas com diferentes habilidades, o que nos permitiu ter soluções multiativos combinando a gestão de ações com a gestão de obrigações”, iniciou o responsável pelo negócio em Portugal.

Inovação na mobilidade

As novidades estendem-se também à gama de fundos da BNY Mellon IM. A entidade lançou recentemente alguns fundos temáticos, embora para Sasha Evers este seja um tipo de produto “mais difícil de colocar nas carteiras de gestão discricionária”. No entanto, assegura, acabam por constituir uma solução interessante para clientes mais de retalho, como os de private banking, que se interessam pela história que este tipo de fundos conta. Especificamente, o managing director aponta a estratégia de investimento no tema da inovação na mobilidade, que lançaram recentemente BNY Mellon Mobility Innovation Fund. Contrariamente ao que muitos concorrentes fazem neste âmbito, a solução da casa apresenta um especial enfoque nas empresas que produzem e implementam as infraestruturas. “Sabemos por exemplo que tem de existir uma grande implementação da tecnologia 5G, pois uma enorme quantidade de dados tem de ser implementada nos self driving cars”, exemplifica, fazendo uma adenda. “Claro que no nosso portfólio também investimos em alguns fabricantes de carros elétricos, mas comparativamente com outros concorrentes estamos mais focados nas infraestruturas que suportam o negócio”, atesta.

Nas novidades relativas a produtos o profissional acrescentou o lançamento de um fundo de ativos digitais, e ainda um income fund focado em infraestruturas. Do lado da gama de multiativos, o especialista falou ainda do alargamento de opções neste tipo de produtos. “Somos, primeiramente, uma gestora ativa e, nesse sentido, acreditamos que os multiativos são uma área chave. Em termos genéricos acredito mesmo que os fundos temáticos e os multiativos são exemplos onde os gestores ativos conseguem mostrar as suas habilidades”, comenta.

Beta eficiente

Mais inovador é o trabalho levado a cabo pela já referida Mellon, que, nas palavras do profissional, acaba por ser uma ‘quant manager’. A entidade irá lançar uma gama de efficient beta (tendo já lançado o fundo BNY Mellon US High Yield Beta), que, tal como o próprio nome indica, tratam-se de produtos “onde se tenta implementar o beta da forma mais eficiente possível”. Sasha lembra que “os ETFs no espaço high yield norte-americano, por exemplo, escolhem índices que são mais líquidos, mas com yields mais reduzidas. Lançámos precisamente este fundo porque encontrámos uma forma de implementar a exposição ao beta do mercado num processo eficiente em termos de custos. Recorremos a um sistema que chamamos de ETF cracking”. Segundo o especialista, a novidade aqui  assenta na compra do ETF e no requisito ao provedor da liquidação física do mesmo. Ficam assim com a carteira de ativos subjacentes de uma forma mais eficiente do que se esses fossem adquiridos individualmente no mercado. “‘Abrimos’ portanto o ETF e retiramos de lá as obrigações, existindo uma muito melhor relação custo/preço no processo do que comprando as obrigações em termos individuais no mercado”, refere. Sumariamente, explica: “Assim, imitamos o índice, mas não somos escravos dele. Construímos então nós próprios o perfil de risco e a duração que queremos, com uma rotação muito mais baixa”.

Mercado nacional

Para falar sobre o mercado nacional e as suas tendências, para o especialista é importante fazer a distinção entre clientes institucionais e de retalho. No caso destes últimos, o desafio reside em encontrar uma estratégia que providencie soluções com algum tipo de retorno, quando o mercado - como resultado das ações dos Bancos Centrais - não facilita. Lembra o caso do ano passado, em que “tudo estava correlacionado”, e que para os selecionadores de fundos de retalho a tarefa era difícil.

No caso dos clientes institucionais, comprova uma grande procura ativos ilíquidos, nomeadamente private debt direct lending, etc. Outros, mais sofisticados, iniciaram também a procura de retorno nos mercados emergentes, particularmente no espectro da dívida, segundo o especialista.