O Japão, as “setas” e os estímulos monetários: mas o que pensam as gestoras nacionais?

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Marc Veraart, Flickr, Creative Commons

No início de novembro o Banco do Japão surpreendia, e “chegava-se à frente” com a ampliação do seu programa de estímulos. Em dezembro a surpresa foi outra: Shinzo Abe antecipou as eleições, foi reeleito, e  começava a preparar-se para “disparar” mais setas sobre a economia nipónica.

Recorde-se que a política Abenomics iniciou-se há dois anos atrás, sendo que em abril do ano passado assistiu-se a um aumento do imposto sobre o consumo dos 5% para os 8%, sendo este o primeiro incremento em 17 anos. E na perspetiva das casas nacionais: como se vai sair a economia japonesa no novo ano?

A opinião das gestoras portuguesas, maioritariamente, é de que o Japão vai entrar na rota do crescimento em 2015, beneficiando do reforço da política monetária. A intensificação do programa de compra de obrigações governamentais, bem como outros ativos, é uma das medidas esperadas por parte da autoridade monetária nipónica.  

O Japão, para o Santander AM Portugal, pode mesmo ser incluído no conjunto dos países que mais têm beneficiado dos estímulos monetários implementados. Recordam ainda que “com o sucesso da política monetária levada a cabo pelo Banco Central, questionado pelo mercado, a expansão do mesmo no mês de Novembro e o aumento da alocação a ações por parte do Fundo de Pensões do Governo (GPIF) irá beneficiar a performance dos ativos japoneses”. 

Regresso ao caminho do crescimento

A economia japonesa é apontada como sendo uma das grandes beneficiárias das políticas monetárias atrás enunciadas e, por isso, algumas das entidades entendem que o país durante 2015 vai regressar ao crescimento. A equipa portuguesa de banca privada do Credit Suisse falava de um crescimento na ordem dos 1,4% “muito por causa do aumento da taxa de imposto sobre o consumo”. Esperam então que “iene continue a desvalorizar-se fortemente, sobretudo contra o dólar, dada a divergência de políticas monetárias no Japão e nos Estados Unidos”.

Depreciação cambial impulsionadora...

Essa mesma desvalorização da moeda, conjuntamente com os estímulos  monetários referenciados, poderão, segundo os outlooks das gestoras, provocar um efeito positivo nas exportações do Japão. Também a queda do preço do petróleo, as taxas de juro muito baixas bem como a realocação de ativos do Fundo Nacional de Pensões, são factores indicados como estimulantes da economia japonesa no novo ano.

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A F&C Portugal, no entanto, apontou uma perspetiva diferente na sua visão para 2015. Da entidade entendem que apesar do forte estímulo monetário, “o elevado endividamento das empresas e o lento reconhecimento das imparidades por parte do sistema financeiro têm obviado a uma recuperação sustentada da procura interna”. Numa visão “contra-corrente”, adiantam que é possível que o país “não prossiga a depreciação do iene”, já que  “a China não poderá tolerar significativos ganhos de quota de mercado do seu rival asiático nos principais mercados de exportação”.