Algo cheira a esturro na economia mundial e os investidores estão cientes disso. Os gestores de fundos não estavam tão pessimistas com o crescimento económico global desde novembro de 2008. É o que revela a última sondagem ao setor da BofAML. Cerca de 38% dos gestores de fundos esperam uma desaceleração nos próximos 12 meses. Além disso, cerca de 85% dos inquiridos acreditam que a economia mundial está na fase final do ciclo, cerca de 11% acima dos níveis máximos tocados em dezembro de 2007.
O dinheiro continua firmemente suspenso. O nível de liquidez que os gestores reportam situou-se nos 5,1%, acima da média da última década, de 4,5%. Preocupam-se, sobretudo, com a guerra comercial, mas o duelo China-Estados Unidos foi perdendo relevância em detrimento do impacto que poderá ter a retirada da Reserva Federal.
E o abrandamento notar-se-á no balanço empresarial. 20% acredita que os lucros globais deteriorar-se-ão nos próximos 12 meses. Um pessimismo que não se via desde há dois anos e uma grande mudança no sentimento investidor. Em janeiro, as previsões eram de que as contas de resultados iriam melhorar.
Os investidores encontram uma réstia de esperança nos lucros empresariais das empresas norte-americanas; cerca de 61% vê-os como sendo mais favoráveis. Embora a maior melhoria seja registada pelas previsões dos lucros japoneses, que passaram de ter perspetivas negativas em setembro para positivas em outubro.
O detonante para fugir para as obrigações
Os gestores também têm claro o que lhes faria abandonar a bolsa pelas obrigações. Se o Tesouro americano a 10 anos chega aos 3,7% será o nível mágico para a rotação. Claro que este é o nível mais alto que responderam desde que lhes começaram a perguntar por isso em março de 2018.
Quanto às bolsas, os gestores acreditam que a Fed deixará de subir as taxas se o S&P 500 cair para os 2390 pontos. Ou seja, que ainda restaria uma queda acima dos 10% que designam por put Powell. E o que poderá desencadear essa queda? Ora, uma vitória dos Democratas nas próximas eleições dos EUA. Quase 60% dos gestores acredita que o S&P cairá se elevarem o seu poder no Congresso.