Selecionámos os comentários de gestores de três fundos de obrigações de três entidades distintas nacionais e percebemos quais foram os fatores que mais influenciaram as performances dos respetivos fundos no mês passado.
Depois de serem analisados os comentários de três gestores de fundos de obrigações (com recurso às fichas de produto mensais) percebemos que a vitória de Macron nas eleições francesas e a instabilidade política que se tem vivido nos Estados Unidos, nomeadamente as medidas que Donald Trump tem adotado, foram os pontos que tiveram influência neste segmento de mercado. De um modo geral, maio foi um mês positivo para esta categoria de fundos, algo assegurado pelos gestores que referem um aumento de confiança por parte dos investidores.
Na ficha relativa ao mês de maio do fundo Optimize Europa Obrigações, gerido pela Optimize Investment Partners, o gestor, Diogo Teixeira, destaca os “excelentes dados macroeconómicos e notícias políticas” que se viveram naquele mês. As notícias relativas às eleições francesas contribuíram para uma “acalmia aos movimentos eurocéticos”. Também no setor dos emergentes o destaque foi novamente para um tema quente, nomeadamente a relação do presidente Michel Temer com o processo Lava-Jato. “A generalidade das dívidas Investment Grade e High Yield registaram performances positivas”, assim como as dívidas governamentais. Por sua vez, a dívida pública nacional a 10 anos “valorizou 4%, terminando o mês com uma yield de 3%”, enquanto a alemã “registou 0,1%, finalizando com um rendimento de 0,3%”. No mês de maio, o fundo Optimize Europa Obrigações valorizou 0,7%, “apresentando uma performance de 2% desde o início do ano”.
O fundo IMGA Euro Taxa Variável, da responsabilidade da IMGA Gestão de Ativos apresentou no mês passado uma performance de 0,24%. Segundo Duarte José, gestor do fundo, “o mês de maio ficou marcado por uma nova descida nos prémios de risco de emitentes privados no segmento de maior qualidade creditícia (investment grade), com destaque pela positiva para o sector financeiro”. O segmento de maior risco de crédito – high yield, continua a ser bastante procurado pelos investidores. Nas obrigações governamentais, “registou-se uma ligeira queda nas taxas de juro de governos da europa central”. Novamente as eleições presidenciais francesas tiveram influência nos fundos, contribuindo para a “redução de spreads na dívida pública de países periféricos”. A taxa de juro deverá manter-se inalterada e as taxas Euribor “registaram uma ligeira queda, permanecendo em níveis negativos e historicamente baixos”, enquanto as “taxas dos Bilhetes do Tesouro registaram uma ligeira queda para níveis ainda mais negativos”. O fundo conseguiu apresentar uma valorização durante o mês de maio, sendo beneficiado sobretudo pela “contração de spreads do setor financeiro e de emitentes da periferia da zona Euro”, no entanto acabou por ser penalizado “pelo reduzido risco de taxa de juro que apresenta”. Para concluir, “o facto da inflação na zona euro continuar abaixo do objetivo do BCE deverá contribuir para que as taxas de juro permaneçam em níveis baixos”.
Por sua vez, segundo o gestor responsável pelo fundo BPI Euro Taxa Fixa, da BPI Gestão Activos, em maio “registou-se um ligeiro abrandamento do otimismo dos investidores relativamente ao crescimento e inflação da economia mundial, sugerindo uma subida de preços mais gradual que o antecipado”. Novamente surge a instabilidade política que se tem vivido nos Estados Unidos e ainda a vitória de Macron em França e de Angela Merkel, “reforçaram os níveis de confiança nos agentes económicos”. Finalizando, o gestor diz que “a saída do procedimento por défices excessivos da União Europeia, bem como os aparentes dados económicos positivos, tem levado ao aumento do interesse dos investidores na dívida portuguesa. A performance positiva do BPI Euro Taxa Fixa teve o contributo da exposição à divida publica de países como França, Irlanda e Itália”.