“Nesta fase inicial, foi notório um impacto mais negativo nas ações europeias, que acabaram por sofrer mais do que outras geografias devido à proximidade do conflito”, começa por mencionar Alexandre Mota, CFA, partner da Partners2u. O profissional acrescenta e relembra que as ações europeias, “até ao início da guerra, vinham apresentando uma melhor performance relativa face às ações americanas”.
E o que é facto, pelo comportamento dos mercados, é que “embora a situação ucraniana já fosse um fator de risco identificado há meses, os mercados como um todo não tinham incorporado a sua verdadeira dimensão e potencial disruptivo”, expressa o profissional. “O que parece ser evidente agora é que o mercado continua a não descontar um agravamento do tipo guerra em larga escala, mas sim uma espécie de jogo militar às custas do povo ucraniano e provavelmente da independência do país, mas sem consequências catastróficas”, aponta.
Quando, até ao início deste conflito, o maior risco que os investidores percecionavam era a subida das taxas de juro e a inflação, a guerra vem alterar o peso e a importância que os investidores colocam nestas variáveis. “Por um lado, os constrangimentos da oferta que pareciam estar em vias de resolução, ou pelo menos de mitigação, provavelmente voltarão. Por outro lado, os bancos centrais tenderão a ser muito mais cautelosos na rapidez e dimensão da subida de taxas de juro”, avisa o profissional.
Como resultado, adverte que “a inflação observada e esperada poderá sofrer um novo impulso, mas as taxas de juro poderão não subir tanto como já se descontava. Em alguns segmentos da curva, até poderão descer num contexto de procura de ativos seguro para uma possível escalada da situação militar”.
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