O mercado europeu de obrigações mostrou resiliência em 2024 e, para Floriane Dartois, 2025 trará desafios, mas também oportunidades, tanto para high yield, como covered bonds e até para o segmento de green bonds.
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Floriane Dartois, especialista em Investimentos de Rendimento Fixo Europeu na Nordea AM, começa por destacar a resiliência do mercado obrigacionista europeu em 2024, “apesar dos receios de recessão”. Naturalmente, a política monetária do BCE teve um impacto significativo nesse mercado. “A mudança para um ciclo de cortes nas taxas de juro em 2024 impulsionou uma subida dos preços das obrigações e a compra de obrigações corporativas proporcionou suporte direto aos mercados de crédito”, refere a profissional. Floriane Dartois não tem dúvidas que o ritmo e a magnitude dos cortes de taxas de juro estarão entre os fatores-chave no desempenho do mercado europeu de obrigações em 2025.
Em termos de desafios, a especialista aponta a instabilidade política que se tem vindo a sentir em países centrais da Europa, como França e Alemanha, e que tem gerado volatilidade no mercado de obrigações soberanas. “Os investidores foram desafiados a gerir o risco de duração durante a transição do ciclo das taxas de juro. Para além disso, o aperto quantitativo contínuo do BCE tem exercido pressão sobre a dinâmica de oferta e procura das obrigações governamentais”, explica.
De um modo geral, na visão da profissional da Nordea AM, tanto obrigações high yield quanto covered bonds apresentam um potencial de retorno ajustado ao risco que a especialista considera “interessante para 2025”, embora “a seletividade e a gestão ativa sejam cruciais diante das incertezas económicas persistentes”, sublinha.
High yield: atrativas, mas com cautela
Indo ao detalhe em cada um dos segmentos, na visão de Floriane Dartois, o de high yield continua a oferecer oportunidades atrativas. “Com yields em torno de 6%, proporciona um buffer contra potenciais incumprimentos, mesmo que as condições económicas potencialmente se deteriorem”. Até porque, segundo expõe, espera-se um aumento moderado das taxas de incumprimento em 2025, “mantendo-se, ainda assim, num patamar controlado de cerca de 3%”. Uma ligeira subida, tendo em conta os valores dos últimos 12 meses, que se situaram em torno dos 2,5%.
O ciclo de cortes nas taxas de juro do BCE pode também criar um ambiente mais favorável para refinanciamentos, ajudando a mitigar riscos para as empresas europeias. No entanto, embora as yields estejam “historicamente atrativas”, a especialista recomenda cautela, tendo em conta o valor dos spreads, “que se encontram próximos dos mínimos de 2021”.
Covered bonds: preferíveis às soberanas
Já no que diz respeito às covered bonds, a profissional da Nordea AM destaca que essas obrigações têm superado muitas das tradicionais obrigações soberanas, “registando retornos superiores a 3% em 2024”. “A classe de ativos de covered bonds na Europa oferece spreads atrativos em relação às obrigações soberanas de qualidade creditícia semelhante, ao mesmo tempo que apresenta uma menor exposição a riscos políticos e ao aperto quantitativo do BCE”, diz. “Tal deverá proporcionar maior estabilidade”, reforça.
O mercado europeu de covered bonds está bem estabelecido, totalizando cerca de 3,3 biliões de euros e continua a evoluir. Floriane Dartois conta que, recentemente, a London Clearing House aceitou covered bonds dinamarquesas como colateral elegível para derivados. “Um sinal do crescente reconhecimento da classe de ativos, que poderá impulsionar ainda mais a procura e aumentar a profundidade do mercado”, remata.
Green bonds: um mundo de oportunidades
O mercado europeu de obrigações verdes tem registado um crescimento robusto, com um rápido aumento dos níveis de emissão. Este é um mercado em ascensão, com uma crescente procura e que, na opinião da profissional, “proporciona inovadoras ideias de investimento”. O EU Green Bond Standard está também a reforçar a transparência e a credibilidade do mercado, tornando a Europa líder neste segmento.
Floriane Dartois identifica vários fatores como motores de crescimento futuro deste mercado:
- O compromisso crescente das empresas com metas de sustentabilidade;
- O impulso regulatório para as finanças sustentáveis (por exemplo, a Taxonomia da União Europeia);
- A crescente vontade dos investidores em alocar capital a mandatos alinhados com os critérios ESG;
- A inovação nos modelos de financiamento, como obrigações sustentáveis ligadas a objetivos específicos.