O que pode significar um abrandamento das compras pela Fed?

Jeffrey_Rosenberg__BlackRock
Cedida

O presidente da Reserva Federal norte-american (Fed), Ben Bernanke, tem vindo a admitir a possibilidade de um abrandamento na compra de activos, o que voltou a suceder na reunião de ontem, dizendo que tal pode começar a suceder no final deste ano, se a situação da economia o permitir.
Numa nota publicada antes desta última reunião da Fed, Jeffrey Rosenberg, 'chief investment strategist for fixed income', na BlackRock, questiona se um abrandamento das compras por parte da Fed se traduz num apertar da política monetária? "Tal depende se é o stock (quantidade detida) ou o fluxo (quantidade comprada) das compras de dívida pela Fed que importa. Na mente da Fed é o stock que importa mais, mas para os mercados financeiros é claramente o fluxo, dado que o debate sobre a 'redução gradual' minou ambos os mercados de acções e de obrigações" desde as declarações proferidas no final de Maio.
Rosenberg refere que os receios acerca de um abrandamento das compras por parte da Reserva Federal "mina (não surpreendentemente) o desempenho dos activos que mais tem comprado: 'Treasuries' e 'Agency mortgage-backed securities' (MBS). Apesar de termos estado 'underweight' nesses dois sectores durante a maior parte do ano, em Abril revimos em alta a nossa avaliação das 'Agency MBS', com base na diminuição dos receios de uma redução gradual pela Fed na altura (com abrandamento dos indicadores do segundo trimestre), e expectativas de benefícios para esta área" pela influência das compras japonesas pelo Banco do Japão.
Estes receios económicos, sublinha, "enfraqueceram e tornaram-se em receios de uma redução gradual mais acelerada por parte da Fed, superando os esperados benefícios dos potenciais fluxos japoneses (que até ao momento têm estado desaparecidos)". Em alternativa, acrescenta Jeffrey Rosenberg, "voltamos atrás para reduzir a exposição recomendada a 'Agency MBS'". Enquanto o aumento substancial das 'yields' das 'Treasuries' aumenta a sua atractividade numa carteira de obrigações, uma potencial ida além das 'yields' (relativa à nossa previsão para final do ano de 2,25%) mantêm-nos 'underweight' nas 'Treasuries' e 'Agency MBS'", acrescenta na mesma nota.