O vento que nos levará a bom porto

Ao longo dos últimos 20 anos, observamos um investimento significativo em energias renováveis, mais especificamente energia eólica. Estima-se que em 2030 os países vão conseguir gerar, na sua totalidade, quase 2 000 GW por ano. Este valor é praticamente o dobro do produzido atualmente.“A capacidade de energia eólica offshore instalada atingiu um recorde em 2021, com a instalação de cerca de 16,90 GW, sendo que cerca de 80% foi instalada pela China”, comenta ainda a analista.

Mas qual a razão do investimento em energia eólica? Luísa Amorim explica: “É uma das fontes de energia renováveis mais baratas. Estas ajudam os governos a aumentar a sua independência energética e atingir o objetivo de zero emissões a que se propõem”.

A produção eólica offshore diferencia-se por ser feita fora do território terrestre dos países, ou seja, é realizada nos oceanos ou mares que circundam os países. Naturalmente, este tipo de produção requer um investimento adicional, no entanto, tem atraído muita atenção por parte dos investidores.

O interesse que a tecnologia despoletou resulta numa “descida constante dos preços de instalação dos parques eólicos, devido a desenvolvimentos tecnológicos. Cada vez mais há investimento governamental e corporativo neste tipo de produção de energia eólica, no entanto, a tendência de redução de custos não é infinita”. A analista explica: “Os custos passaram de ser proibitivos para agora gerarem uma boa oportunidade de investimento. No entanto, estes estão muito correlacionados com os preços das matérias-primas necessárias à construção do equipamento. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia teve um impacto muito negativo a este nível”. Uma das partes interessadas mais afetadas foram os fabricantes de turbinas eólicas que viram as suas margens reduzir-se significativamente e, em alguns casos, passar a negativa.

Por fim, falou-se de uma nova tendência na indústria de produção de energia eólica offshore, as turbinas eólicas flutuantes. Estas, ao contrário das anteriores, não se encontram presas por via de um pilar de apoio fixo ao fundo do mar, mas sim ancoradas. “Esta tecnologia é principalmente útil para países como Portugal e o Japão que contam com um território marítimo com águas profundas”, explica Luísa Amorim. Para além de permitir ocupar espaços mais profundos e cobrir mais território, o vento nestas zonas tende a ser mais forte e mais constante, proporcionando um retorno energético superior.

Todos os países estão agora a investir em energias renováveis e constantemente a aumentar os seus objetivos para a energia eólica. “No sector privado, este mercado tem gerado muito interesse e atenção por parte de investidores e empresas que procuram atingir os seus compromissos de sustentabilidade.”

O tema da sustentabilidade não é algo novo na GAM Investments, que conta com vários fundos com fortes critérios de sustentabilidade. Nesta visita ao terreno, os inputs de Romain Miginiac, gestor do fundo GAM’s Sustainable Climate Bond Fund, e Joaquim Nogueira, gestor de investimentos na equipa de Ações de países em desenvolvimento da GAM, permitiram materializar em termos de investimento o que estava a ser explicado.

Precisamente o posicionamento e os princípios de investimentos de Romain Miginiac foram contados à FundsPeople numa recente entrevista. O fundo em questão visa aproveitar a necessidade de aumento de investimento em obrigações verdes, com impacto direto na sociedade e focado 100% no sector financeiro. O fundo está classificado como artigo 9 segundo a regulamentação SFDR.

Já Joaquim Nogueira, focou-se no impacto dos mercados emergentes no processo de transição energética. O gestor acredita que o futuro da transição energética está nos países emergentes e deixa alguns dados interessantes: “A recente urbanização presente em países emergentes está diretamente ligada ao aumento exponencial da procura por energia. As cidades são responsáveis por quase 70% da utilização de energia mundial. Devido aos recentes constrangimentos orçamentais, tendo em vista alcançar os objetivos propostos, o setor privado terá um papel crucial na transição energética”.

Em suma, o fundo GAM Sustainable Emerging Equity Fund, visa tirar partido do processo de transformação energético que será conduzido nos países emergentes. O fundo está classificado como artigo 8 segundo a regulamentação SFDR.