Crédito Agrícola Gest: "O ano de 2019 deverá ser marcado por um abrandamento da economia global."

Ricardo_Duarte_Silva CA Gest
Vitor Duarte

(Perspetivas para 2019, traçadas por Ricardo Duarte Silva, Produto e Estratégia de Investimentos, da Crédito Agrícola Gest)

O que esperam de cada uma das principais economias (EUA, Europa, China, Japão) no ano de 2019?

O ano de 2019 deverá ser marcado por um abrandamento da economia global. A reversão das políticas monetárias expansionistas da última década e a incerteza motivada por fenómenos vários como o “Brexit” e as guerras comerciais despoletadas pela administração Trump têm suscitado uma maior percepção de risco não só junto dos investidores como também dos agentes económicos condicionando decisões de consumo e investimento (famílias e empresas). Nos EUA, cremos que poderemos presenciar alguma moderação no ritmo de crescimento, provavelmente para um patamar mais próximo dos 2%, à medida que o impacto dos estímulos fiscais se desvanece. Na Europa e Japão, onde o arrefecimento é já mais pronunciado, uma eventual recuperação estará sempre dependente de desenvolvimentos favoráveis no tema das “trade wars”. Quanto à China, que deverá crescer em torno dos 6% em 2019, estímulos monetários (como o corte de taxas de reserva dos bancos) e a desvalorização gradual do “yuan” poderão funcionar como estabilizadores automáticos controlando o ritmo de desaceleração da actividade económica.

Quais as classes de ativos melhor posicionadas para enfrentar o novo ano e que perspetivas têm para cada uma delas (obrigações, ações, imobiliário...). Se tiverem alguma perspetiva sobre o petróleo, dado que é o tema do momento poderia ser importante.

Antecipando um ano desafiante, as obrigações governamentais, pelo menos numa primeira fase, poderão permanecer suportadas pela incorporação de uma menor expectativa de subida de taxas de juro por parte da Reserva Federal norte-americana. Da mesma forma, o BCE poderá adoptar um discurso relativamente “dovish” atendendo à degradação da actividade económica no bloco europeu. Já o crédito e as acções, em fase de final de ciclo, poderão apresentar-se voláteis e a sua direcção estará inteiramente dependente da materialização ou não de um cenário mais desfavorável em termos de crescimento económico global.

Que riscos monitorizam por esta altura com maior preocupação e porquê (mercado ou negócio)?

A situação política em Itália, o crescimento de movimentos populistas anti-sistema na Europa e o impacto da reversão das políticas monetárias expansionistas (fim do QE na Europa, subida de taxas de juro nos EUA) são alguns dos temas a monitorar de perto.

Qual o fundo de investimento (obrigações, ações, misto, alternativo) que recomendam para o ano de 2019 e porquê?

Na actual conjuntura, as acções europeias permanecem a desconto relativamente às congéneres norte-americanas em termos de avaliação pelo que sugeríamos o fundo “Candriam Europe Optimum Quality” que se destaca pelas suas características defensivas. O fundo aposta na selecção de empresas líderes nos respectivos segmentos de actividade, com balanços sólidos e simultaneamente fiáveis na capacidade de geração de “cash flows”. Paralelamente, o fundo aplica uma metodologia “min var” na construção de carteira e protege-se de “drawdowns” pela compra de “puts” sobre índices europeus financiadas pela venda simultânea de “calls out of the money” de acções detidas em carteira.

Quais os temas de investimento sobre os quais estão mais "sedentos" de informação por esta altura?

No segmento de alternativos, procuramos consistência e uma descorrelação real para com as classes de activos tradicionais, o que por vezes não é possível de aliar, nomeadamente em períodos de maior volatilidade. Nos activos tradicionais, ainda que assumamos uma postura mais defensiva em termos de “asset allocation”, achamos que as acções de mercados emergentes apresentam um desconto interessante quer relativamente aos mercados desenvolvidos quer em termos históricos.