Eduardo Loureiro e Luís Pinto (Dolat Capital): “O próximo ano deverá ser propício a uma recuperação do mercado obrigacionista”

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Eduardo Loureiro e Luís Pinto. Créditos: Cedida (Dolat Capital)

TRIBUNA de Eduardo Loureiro, analista de Investimentos, e Luís Pinto, analista de Investimentos associado, da Dolat Capital.

O ano de 2022 revelou ser um Annus Horribilis para os mercados financeiros, tanto na sua componente acionista, mas sobretudo pelo desempenho negativo do mercado obrigacionista, aquele que na sua essência é a base do sistema financeiro mundial. A raiz do problema foi o regresso de um surto inflacionista, nas economias desenvolvidas, atingindo máximos de 40 anos, forçando o banco central americano (bem como os seus principais congéneres) a iniciar o ciclo de subida de taxas de juro mais feroz das últimas décadas. Em resultado, o desempenho da dívida soberana de longo-prazo, dos EUA e da Alemanha, registaram perdas na ordem dos -14% (em moeda local). Sendo, inclusivamente, o ano de 2022, o pior registo de rendibilidade das obrigações do tesouro americanas desde 1928. 

Principais economias 

Considerando, agora, uma carteira clássica do investidor padrão nos EUA, (e possivelmente no resto dos países desenvolvidos) composta por 60% em ações do S&P 500 e 40% em obrigações do tesouro americano, assistimos a uma desvalorização, em 2022, na vizinhança de -15% (em USD), o pior resultado de uma carteira 60/40 desde 1937. Note-se que a morte deste perfil de investimento, parece-nos prematuramente anunciada, pois é importante relembrar que o seu resultado anual mediano desde 1928, é ainda de +10,72% (em USD). 

Com este pano de fundo, no plano macroeconómico, segundo a OCDE, prevê-se para 2023 uma desaceleração das principais economias, com a economia mundial a crescer abaixo do histórico - apenas 2,3%. Sendo expectável que o PIB dos EUA, numa base anual, aumente entre 0,25% e 0,5%, enquanto a Zona Euro enfrentará um risco de recessão, ainda que ligeira e efémera.  

Em termos de política monetária, a Reserva Federal irá concluir o ciclo de subida das taxas de juro no 1º semestre, esperando-se taxas de juro de referência entre 4.75-5.00%. Já na Zona Euro, prevê-se que a taxa de juro de referência atinja os 3,5% em 2023. Neste contexto, o próximo ano deverá ser propício a uma recuperação do mercado obrigacionista em geral, após um período marcado por elevada volatilidade, devido à redução progressiva do surto inflacionista e consequente mudança de ciclo nas das taxas de juro de curto e longo prazo. 

Construção e posicionamento das carteiras

Para finalizar, e relativamente à construção e posicionamento das carteiras, reforçamos que o Annus Horribilis de 2022 validou, como nunca, o nosso modelo de investimento, assente em três princípios simples: gestão indexada, metodologia comprar, manter e ajustar e extrema diversificação, como a forma mais eficiente de um qualquer investidor (profissional, ou não profissional) atingir, de forma sustentada, os seus objetivos financeiros. 


Este texto não constitui uma recomendação nem consultoria de investimento. A Dolat Capital presta consultoria de investimento de natureza específica aos seus clientes, tendo por base, entre outros, o seu perfil de risco e objetivos financeiros. Rendibilidades passadas não constituem uma garantia de rendibilidades futuras.