Esta semana vou estar de olho… na época de resultados do primeiro trimestre

Rina_Guerra_Carregosa
Cedida

(O contributo desta semana é da autoria de Rina Guerra, CFA, gestora de ações do Banco Carregosa)

A época de resultados já arrancou na semana passada nos EUA e é com mais interesse do que nunca, que os mercados aguardam as sucessivas publicações de resultados das empresas. O que procuram saber os investidores sobre os resultados do primeiro trimestre?

A visibilidade quanto aos impactos provocados pelo Covid-19 nas empresas tem sido, até ao momento, muito reduzida. A verdade é que grande parte das empresas sabem pouco daquilo que o futuro lhes reserva, já que este depende de fatores como 1) a duração das medidas de confinamento atualmente instaladas em praticamente todo o mundo, 2) o regresso ou não à normalidade, assim que estas medidas comecem a ser relaxadas, 3) a possibilidade de haver um segundo surto, 4) o timing de uma possível resposta da ciência face a este surto. Para além do que sabemos desconhecer, ainda poderemos ser confrontados com eventos e riscos que ainda não estão sequer no radar coletivo.

Mais do que informarem sobre o comportamento das contas durante o primeiro trimestre (até porque o lockdown começou, na grande parte dos países, na segunda metade de março), esta época de resultados poderá funcionar como um ‘reality check’ a uma realidade totalmente nova. As empresas poderão partilhar com maior detalhe as medidas concretas que têm implementado para combater esta crise, assim como quantificar os possíveis impactos, concerteza bem mais adversos neste segundo trimestre. Assim, os investidores poderão potencialmente descortinar com maior precisão a trajetória das vendas e dos lucros para 2020 e 2021, aferindo de forma mais fidedigna, ainda que incerta, o valor intrínseco dos seus investimentos.

E não esqueçamos: o valor intrínseco de uma empresa não é definido pelo que vai acontecer nos próximos 6 a 12 meses, mas sim o reflexo dos cash flows que a empresa consegue gerar numa perspetiva de continuidade, pressuposto válido, naturalmente, para as empresas que sobrevivam a esta crise. Para um investidor de longo prazo, a volatilidade atualmente verificada no mercado acionista, é uma boa oportunidade para realizar investimentos geradores de retornos muito atrativos.