Para Albino Oliveira, da direção de Gestão de Ativos da Real Vida Seguros, os sinais positivos relativos à contenção da propagação do vírus em Itália poderão revelar-se bastante importantes para os ativos de risco.
(O contributo desta semana é da autoria de Albino Oliveira, da Direção de Gestão de Ativos da Real Vida Seguros)

Para quem já tem alguns anos de experiência ou bons conhecimentos da história dos mercados financeiros e dos ciclos económicos, com certeza reconhecerá as características únicas do atual bear market que os índices de ações atravessam e da recessão económica que por certo será observada. Na origem deste bear market e desta recessão económica não está uma crise bancária/financeira, nem subidas de taxas de juro por parte dos bancos centrais com o objetivo de travar excessos resultantes de um ciclo económico. O que está em causa é a reação por parte das autoridades no mundo inteiro para tentar travar a propagação de um vírus extremamente contagioso que arrisca levar ao colapso os sistemas de saúde dos vários países.
Tendo em conta a memória ainda bem presente da Crise Financeira Internacional, os bancos centrais não hesitaram em usar o mesmo guião, numa rápida reação perante a forte queda dos índices de ações e aumento dos spreads de crédito. Adicionalmente, medidas de política orçamental continuam a ser anunciadas de modo a aumentar a confiança entre os investidores, empresários e consumidores. Esta intervenção é fundamental para atenuar os efeitos no sector privado e na atividade económica das medidas de isolamento e quarentena implementadas. Todas estas respostas por parte de bancos centrais e governos parecem estar já a contribuir para uma tentativa de estabilização nos ativos de risco. Contudo, em última instância, a atenção permanecerá na evolução da propagação do vírus e, no que diz respeito à Europa, provavelmente em Itália (ver gráfico). Pela dimensão dos números apresentados no país e pelas medidas adotadas pelo governo local (e, entretanto, replicadas no resto da Europa), sinais positivos em Itália na contenção da propagação do vírus poderão revelar-se bastante importantes para os ativos de risco.