Mark Denham e Keith Ney analisam o contexto de mercado e explicam o posicionamento do Carmignac Portfolio Patrimoine Europe para enfrentar a difícil conjuntura atual. Comentário patrocinado pela Carmignac.
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TRIBUNA de Mark Denham, responsável de Ações europeias e gestor, e Keith Ney, gestor na Carmignac. Comentário patrocinado pela Carmignac.
Os mercados tiveram um comportamento muito heterogéneo durante o terceiro trimestre de 2021. Nas ações europeias, a época de apresentação de resultados do segundo trimestre foi em geral favorável, com uma proporção elevada de lucros acima das previsões.
Durante o período, o contexto favoreceu um grupo cada vez mais reduzido de títulos dos setores de artigos de luxo e de semicondutores. Não obstante, este dinamismo positivo, impulsionado pela recuperação após a crise da COVID-19 e pelo forte estímulo monetário e orçamental, começou a desacelerar no início de setembro.
As pressões inflacionistas e a perspetiva de um abrandamento do ritmo do crescimento mundial refrearam o entusiasmo dos investidores. A incerteza sobre as perspetivas do mercado a curto prazo gerada por este contexto afetou os ativos de risco face à possibilidade de o BCE carregar no travão da sua política acomodatícia. Além disso, as preocupações com as perturbações da cadeia de fornecimento na indústria transformadora, o aumento dos custos das matérias-primas, os confinamentos na China e a subida dos preços da energia em todo o mundo afetaram os mercados.
Neste cenário, as taxas nominais da dívida europeia variaram apenas durante o trimestre (-0,20% no caso da dívida pública alemã a 10 anos), mas o aumento das expetativas de inflação fez cair as taxas reais para mínimos históricos (com a taxa real da dívida pública alemã a situar-se aproximadamente nos -2%).
Um multiativo flexível para fazer face ao contexto atual
Este difícil contexto exige capacidade de adaptação para encontrar catalisadores de rentabilidade. O Carmignac Portfolio Patrimoine Europe, um fundo multiativo, socialmente responsável, centrado em obrigações e ações da Europa, fez uso da flexibilidade que lhe é conferida pelo seu mandato para procurar inúmeras oportunidades na região.
No que diz respeito à componente acionista, mantemos a maior parte dos nossos investimentos orientados para empresas de qualidade, que beneficiam de um crescimento a longo prazo e para as que consideramos terem a resiliência necessária para enfrentar eventuais deceções relacionadas com as expetativas de crescimento económico ou inflação. A Europa esconde verdadeiras joias em setores promissores como a digitalização ou as energias renováveis e, como investidores a longo prazo, aproveitamos o período atual de debilidade nas cotações para integrar novos títulos se considerarmos que desvalorizaram demasiado.
Mantivemos um nível de exposição relativamente prudente às ações (uma média aproximada de 30%), e pagámos por isso em termos relativos. A nossa seleção de ações (centrada em empresas com rentabilidade elevada e estável, e que reinvestem internamente para gerar crescimento a longo prazo) evoluiu de forma favorável até agosto e, tal como as praças bolsistas europeias, passou por dificuldades em setembro.
Mais exposição à tecnologia, saúde e indústria
Relativamente à seleção de títulos, a maior contribuição positiva para a rentabilidade da estratégia veio dos setores em que temos maior exposição: tecnologia, saúde e indústria. O fabricante de equipamentos de semicondutores, a ASML, manteve uma evolução positiva, com uma revalorização de 12% no trimestre e 63% no ano corrente, tirando partido de três alavancas: a tecnologia de ponta EUV (radiação ultravioleta extrema), que está a acelerar a procura por parte dos fabricantes que a aplicam para melhorar o rendimento e a potência dos seus chips; a procura de semicondutores superior à oferta a nível mundial, que está a abrir caminho a compromissos para o desenvolvimento de capacidade adicional; e, finalmente, a perspetiva de uma deslocalização próxima das fábricas de semicondutores que geraria investimentos adicionais devido às tensões geopolíticas. A empresa encontra-se numa situação financeira muito sólida, o que constatáramos já na valorização dos títulos em início de setembro, pelo que reduzimos a nossa participação de forma significativa.
No plano negativo, não tivemos exposição à banca, um setor que subiu mais de 5% no terceiro trimestre. Sofremos igualmente alguns reveses com títulos concretos.
Obrigações: todo o mercado em risco
No que à componente obrigacionista, consideramos que o conjunto do mercado poderia sofrer (taxas de base, dívida dos países da periferia do euro e crédito), o que exige articular uma política de gestão do risco muito rigorosa. Com efeito, a parte que representa mais risco do mercado de dívida europeu (crédito e dívida pública não principal) continua a beneficiar de diferenciais próximos de mínimos históricos, não oferecendo assim qualquer reserva no caso da venda generalizada de dívida. Por isso, fomos muito cuidadosos e flexíveis ao longo do período a fim de aproveitar pontos de entrada atrativos, como o nosso investimento tático em dívida europeia não core no início do verão, que oferecia na altura oportunidades interessantes.
Adicionalmente, contamos no presente com uma pequena posição curta em duração dos países core, por de forma a preparar o fundo conforme o BCE consiga aumentar as taxas face à tendência em alta do conjunto dos riscos sobre a inflação a médio prazo. Não obstante, mantemos um enfoque prudente, ainda que flexível, para acomodar qualquer alteração nas políticas monetárias e orçamentais graças à nossa gama completa de duração modificada (desde -4 até 10).
Em conclusão, a estruturação da nossa carteira tem como objetivo gerir os riscos dos mercados obrigacionistas mantendo um nível de liquidez extremo (50%) e posições curtas em dívida principal, ao mesmo tempo que tiramos partido de empresas com uma rentabilidade elevada e estável, reinvestindo internamente para gerar um crescimento visível, estável e longo prazo.
Fonte: Carmignac, 30/11/2021
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