Multi Family Office: serviços e vantagens

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(A opinião de Andre Reid, da Bulltick Wealth Management, sobre as principais nuances que caraterizam um Multi Family Office, e que o tornam útil para um cliente).  

Ter-me juntado a um Multi Family Office (MFO), depois de vários anos na banca, pareceu-me uma escolha lógica, principalmente porque vejo como minha obrigação a de olhar pelos melhores interesses dos meus clientes individualmente e a de servi-los da melhor forma possível, num negócio que, como qualquer outro,  deve satisfazer ambas as partes. Assim, no meu ponto de vista , no futuro, este caminho será igualmente aquele naturalmente escolhido por parte dos clientes, principalmente quando se aperceberem das reais vantagens de trabalhar com um Multi Family Office, em relação a um banco.

A principal diferença entre um banco e um multi family office (MFO), é a forma como se aborda o cliente: enquanto num banco há uma visão massificada dos seus clientes, num MFO o cliente é visto como único.

O serviço mais importante de um MFO, normalmente, é gerir as poupanças de clientes, pelo que apresentam acordos de custos mais favoráveis com vários custodiantes/bancos, a nível global, dando total escolha ao cliente do custodiante a utilizar (para o MFO, esta escolha é totalmente irrelevante). Enquanto nos bancos as carteiras de gestão têm até 5 perfis de risco, desde o conservador ao agressivo, os MFO tentam desmistificar esse paradigma, olhando para cada cliente como único e considerando o seu perfil como exclusivo sem deixar de considerar a tolerância de risco, os objetivos e “suitability” das operações. 

Um MFO também não tem produtos próprios, tendo assim a capacidade de personalizar os seus serviços e contribuir eficazmente para a gestão de cada cliente de forma individual.

A maior parte dos clientes detêm várias contas, dispersas por várias instituições financeiras, não tendo normalmente uma noção clara do montante total investido, nem do peso de cada investimento sobre o total do capital disperso. Um dos serviços prestados pelo MFO é, também, o de consolidar todas essas contas e apresentá-las num único extrato. Assim, o cliente passa a ter disponível uma ferramenta de controlo do seu investimento diversificado e de apoio na tomada de decisões de investimento futuros.

Nos EUA, um MFO tem normalmente dois tipos de gestão de carteira: (i)  a gestão discricionária, a qual, seguindo um exaustivo conhecimento dos objectivos do cliente, bem como dos activos já detidos por este noutras instituições, gere a conta do cliente sem a sua intervenção, enviando-lhe relatórios permanentes e realizando reuniões presenciais; (ii) gestão semi discricionária, semelhante à anterior,  com a ressalva de que o cliente tem que aprovar todas as compras e vendas na sua conta. Um MFO tem, ainda o serviço de advisory, através do qual recomenda compras/vendas de ativos, sem cobrar comissão de gestão.

Num MFO, a equipa de gestão das carteiras vem, tendencialmente, de bancos, com a enorme vantagem de poder praticar uma gestão totalmente independente,  seguindo o que é melhor para o cliente e não para a empresa que gere a conta. Garante-se que os objetivos do MFO se encontram alinhados com os do cliente, em qualquer que seja a situação. De facto, a equipa de gestão de um MFO tem uma escolha de activos muito mais vasta e isenta do que uma equipa de gestão de um banco, que tem uma escolha de activos limitada aos interesses do próprio banco.

Um MFO cobra um fee que cobre vários serviços, sendo o seu principal objetivo a gestão das contas dos seus clientes. Para as contas de gestão (gestão discricionária/semi-discricionaria),  nos EUA, os reguladores Americanos (SEC) obrigam a que a única comissão que os clientes paguem sobre essas contas seja apenas a comissão anual de gestão, não podendo haver mais nenhum tipo de comissão “extra” sobre esse cliente, incluindo:

  • Mark ups nas compras de activos. Por exemplo, quando se compra uma obrigação da EDP a 100, esse será o preço final para o cliente. Normalmente, os bancos e corretoras tendem a cobrar um mark up mesmo em contas de gestão discricionária: assim, em vez de 100, o cliente pagaria 100.50, mais um custo escondido o qual, normalmente, o cliente desconhece.
  • Normalmente, os fundos de investimento pagam uma retrocessão anual para a instituição financeira que vende o fundo a clientes. Nos EUA, em contas de Gestão, o cliente tem que, por lei, ser informado se isso acontecer. Mais um custo escondido e um enorme conflito de interesses.

Em qualquer Multi family office, todos os custos são totalmente transparentes (ou seja, todos os custos que o cliente paga aparecem nos movimentos da sua conta).

Um MFO oferece aos clientes um modelo mais fiel e mais justo: o banco é apenas visto como um provedor de serviços, neste caso um custodiante, desaparecendo os conflitos de interesse com o cliente. Adicionalmente, o MFO tem muito mais serviços exclusivos a oferecer ao cliente.

Recorde aqui “A história da Bulltick Capital Markets com sotaque português”.