Necessitamos de IDE que gere mais valor acrescentado

Carlos_Bastardo
Vitor Duarte

De acordo com dados do Eurostat, BCE e Pordata, o investimento direto estrangeiro (IDE) atingiu em 2018 os 4.152 milhões de euros, menos de metade dos valores registados em 2016 (8.539 milhões de euros) e em 2017 (8.916 milhões de euros). Num país bastante necessitado de investimento, Portugal compara mal com outros países europeus mais desenvolvidos.

Em 2018, a Alemanha registou um IDE de 89.151 milhões de euros, o Reino Unido 50.003 milhões de euros, apesar da ameaça do Brexit, a França 57.804 milhões de euros, a Itália 26.546 milhões de euros e a Espanha 37.552 milhões de euros.

O IDE de Portugal no Estrangeiro foi em 2018 de 236 milhões de euros, pelo que o saldo entre o investimento feito por estrangeiros em Portugal e o investimento feito por investidores nacionais lá fora, ficou-se pelos 3.916 milhões de euros.

O IDE é muito importante. Contudo, seria benéfico que o IDE fosse direcionado preferencialmente para projetos de investimento de raiz ou de expansão em setores industriais e de serviços, de forma a haver uma menor preponderância relativa do investimento em imobiliário.

Para um país que necessita de crescimento do investimento, para poder crescer de forma mais dinâmica e, portanto, conseguir atrair mais IDE, é fundamental que haja um quadro fiscal favorável, atrativo e estável, ou seja, que não mude todos os anos como habitualmente.

Por outro lado, existem reformas que foram iniciadas há anos atrás, mas que pararam ou evoluíram muito pouco, situação que tem merecido sucessivas críticas e recomendações por parte dos responsáveis do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia.

A economia portuguesa não tem conseguido crescer de forma estrutural acima dos 2% nos últimos anos.

O PIB ou PNB per capita em Portugal tem sido ultrapassado ano após ano por vários países da União Europeia, alguns dos quais como a Estónia, que há 25 anos estavam bastante atrás de nós e que hoje nos ultrapassaram.

Por exemplo, a Lituânia cresceu em termos homólogos 4% no segundo trimestre de 2019 e a Estónia cresceu em termos homólogos 4,6% no primeiro trimestre de 2019 (ainda não há dados do segundo trimestre). Portugal cresceu 1,8%, quer no primeiro como no segundo trimestre de 2019 face aos mesmos períodos de 2018.

E estamos a falar de países que tal como Portugal, também não têm grandes recursos naturais. Contudo, desde que entraram na União Europeia, implementaram de forma rápida e eficaz várias reformas (fiscal, trabalho, justiça…), capazes de atrair investimento decisivo para a economia, ou seja, aquele que gera emprego de duração, que faz crescer as exportações e que permite taxas de crescimento do PIB mais elevadas.