Neste contexto de mercado, as ações do setor da saúde continuam a ser defensivas?

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Vinay Thapar. Créditos: Cedida (AllianceBernstein)

TRIBUNA de Vinay Thapar, gestor do fundo AB International Healthcare Portfolio da AllianceBernstein. Comentário patrocinado pela AllianceBernstein.

O setor da saúde é, desde há muito tempo, considerado como um dos setores defensivos mais fiáveis, um eficaz amortecedor da carteira quando os mercados de ações se tornam voláteis. É, sem dúvida, o setor defensivo por excelência e isto porque hospitais, fabricantes de medicamentos, empresas de dispositivos médicos e outras empresas do setor de saúde beneficiam da procura constante dos consumidores, independentemente da força da economia. 

Após um primeiro semestre difícil, a capacidade defensiva dos cuidados de saúde está a ser posta em causa, mas tem superado os mercados mais amplos em termos relativos. De facto, desde o ano 2000, o setor da saúde tem se comportado melhor que o mercado sempre que as ações globais caem.

O atual setor da saúde combina o defensivo com o oportuno

A capacidade defensiva do setor da saúde não mudou, mas a natureza das empresas que o compõem sim. Por exemplo, os produtos farmacêuticos representavam 82% do índice de referência em 2000. No entanto, no final de 2021, essa proporção era só de 38%. Por outro lado, o peso da biotecnologia, dos equipamentos e do abastecimento quase triplicou. A evolução da saúde mudou substancialmente a forma como as forças do mercado podem influenciar o rendimento a curto prazo do setor, mas também aumentou o conjunto de oportunidades para os investidores ativos.

Por exemplo, as recentes quedas do mercado estão a ser impulsionadas por fortes vendas em ações growth. As empresas de biotecnologia de pequena capitalização - que são agora  uma componente importante do setor da saúde - foram apanhadas no downdraft. É por isso que é importante distinguir entre empresas individuais de biotecnologia, ou dentro de todos os segmentos dos cuidados de saúde. O objetivo é separar as que têm força para aguentar a tempestade daquelas que não têm.

A biotecnologia, com uma influência tão grande no setor, exemplifica porque é que a seleção ativa de ações é tão importante no investimento em saúde. Os rendimentos das empresas biotecnológicas tendem a ser muito voláteis, porque muitos investidores baseiam demasiado as perspetivas de crescimento destas empresas no sucesso clínico dos novos fármacos ou tratamentos que têm em carteira. Segundo o Biomedtracker, apenas metade dos novos produtos farmacêuticos chegam à segunda fase de provas e apenas 8% recebem a aprovação regulamentar completa. Este risco exige uma abordagem mais baseada nos fundamentais neste espaço. Por outro lado, a biotecnologia engloba um ecossistema diverso, que inclui empresas que beneficiam do abastecimento ou equipamento das suas muitas indústrias diferentes, que são modelos de negócio relativamente estáveis. Por exemplo, a Bachem Holdings, fabricante de peptídeos, serve uma ampla faixa de necessidades de investigação farmacêutica de longo alcance.

Investimento em saúde

Acreditamos que o ponto-chave para o crescimento a longo prazo no investimento em saúde é focar-se no modelo de negócio de uma empresa e não na ciência que o sustenta.

Os melhores resultados vêm da investigação e análise, em vez de previsões e suposições. Isto significa que é preciso enfatizar as empresas de alta qualidade, com preços razoáveis, relacionadas com a saúde, com elevado, ou melhor, rendimento de capital e uma grande capacidade de reinvestimento. A Veeva Systems, por exemplo, é um rentável fornecedor de serviços de nuvem que ajuda a poupar custos em todo o sistema de saúde, enquanto a Zoetis inova na medicina de animais domésticos e gado. Mesmo alguns nomes da saúde tradicional, orientados para o valor, podem oferecer oportunidades atrativas hoje em dia, como as seguradoras Elevance Health e a United Health Group, uma vez que ambas continuam a melhorar os resultados dos pacientes, gerindo os gastos e aumentando as receitas.

A inflação, a subida das taxas e o receio de uma recessão vão continuar a fazer de 2022 um desafio para a maioria dos investidores em ações. Se os mercados continuarem voláteis, a proteção contra as quedas é sempre útil, e acreditamos que isso inclui as ações da saúde, que têm historicamente sido defensores fiáveis. O setor não tem o mesmo aspeto que tinha há 20 anos, mas a sua contribuição é positiva. Acreditamos que os produtos e serviços dinâmicos que dominam agora  o espaço da saúde são a razão pela qual certas ações têm os meios para resistir a contextos económicos difíceis e oferecer rendimentos a longo prazo.


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