Pedro Costa Félix da Capital Strategies considera que "devemos encarar a situação de instabilidade, volatilidade e falta de visibilidade como uma parte integrante do nosso quotidiano" e, neste âmbito, salienta oportunidades de investimento.
2012 tem sido um ano, no mínimo, atribulado, com um panorama económico global abaixo do esperado e uma espécie de déjà vu relativo aos anos 2010 e 2011. Os últimos meses presentearam-nos com um crescimento económico anémico, e vimos os principais indicadores a evidenciarem um abrandamento significativo do momentum, especialmente nas economias emergentes.
E a coisa não é para menos! Um claro abrandamento da economia mundial – projecções mais recentes indicam valores na casa dos 2,6% para 2012, e 2,4% para 2013, com o bloco da zona Euro a arriscar entrar em terrenos negativos, alicerçado por duas barreiras de dimensões ‘olímpicas’ como a continuação do impasse na resolução da crise na zona Euro e mais um fiscal cliff nos Estados Unidos. Isto faz com que o horizonte para qualquer investidor seja tudo menos fácil.
Contudo, e passados 5 anos desde o início desta ‘crise’, começamos todos a pensar que afinal este é o proclamado new normal… e, como tal, devemos encarar a situação de instabilidade, volatilidade e falta de visibilidade como uma parte integrante do nosso quotidiano.
Com este pano de fundo, talvez simplista, será que ainda existem oportunidades de investimento? A resposta é obviamente sim! No entanto num ambiente com taxas de juro baixas, é um desafio. De uma forma genérica, os investidores vão continuar a aumentar a sua exposição ao risco procurando retornos mais elevados, optando pelas classes de crédito e acções com bons dividendos.
Acreditamos que uma das estratégias mais apropriadas é aumentar a exposição ao risco de crédito. Na nossa opinião, crédito é uma das classes que actualmente continua a oferecer níveis de retorno muito atrativos, principalmente no mercado dos Estados Unidos de investment grade e high yield. O sector empresarial dos Estados Unidos encontra-se hoje numa posição muito fortalecida, depois de um trabalho interno nos últimos anos, que lhes permitiu reduzir substancialmente o grau de alavancagem dos seus balanços. Na verdade, as empresas americanas evidenciam dos mais elevados níveis de cash de sempre.
Levando em atenção o actual ambiente de taxas juro baixas, a procura por fontes de retorno deve ser enquadrada num contexto apropriado: os investidores que tentam melhorar as taxas de retorno investindo em obrigações com uma duração mais longa ou então obrigações com uma notação de crédito mais baixa, devem estar capacitados do potencial de sofrer perdas significativas de capital quando as taxas de juro voltarem aos níveis normais ou assim que os mercados accionistas animarem.
No nosso entender, a melhor solução passa por escolher obrigações de qualidade e cupões elevados. Dentro destas, preferimos aquelas que tenham durações curtas e bons emitentes. Não é claramente tarefa fácil. Acreditamos que no actual ambiente de mercado, o mais importante é evitar cair na tentação de aumentar o nível de retorno meramente através de riscos desnecessários de crédito ou de duração. Alguns gestores simplesmente aumentam a sua exposição a créditos de rating CCC… no entanto, esta estratégia acarreta um risco de default muito elevado que, quando os mercados entrarem num momento de risk-off e se o ambiente económico se deteriorar, podem sofrer avultadas perdas de capital nas suas carteiras. Ainda, obrigações de maturidades mais longas e com cupões mais baixos enfrentam riscos acrescidos, conforme assistimos recentemente com o movimento nas yields dos títulos de tesouro americanos.
Acreditamos que no cenário actual do new normal, os investidores devem ter um enfoque redobrado em estratégias que permitam controlar riscos de crédito ou de duração desnecessários. Pensamos que a solução passa por conseguir construir uma carteira equilibrada procurando emitentes reconhecidos de excelente qualidade de crédito e cupões altos.