(Tribuna de André Themudo, membro da equipa de vendas da BlackRock Ibéria. Comentário patrocinado pela BlackRock)
Com o final da época estival e de férias, chega o momento de fazer planos e preparar as nossas carteiras para os últimos meses do ano. Assim, devemos refletir sobre quais as ideias de investimento que devemos ter em conta na atual conjuntura de mercado.
É difícil acreditar que já estamos plenamente imersos na segunda metade de 2017, momento em que tradicionalmente fazemos o balanço de como decorreram os primeiros meses, e em que é adequado dar um passo atrás e prepararmo-nos para o resto do ano.
Para o terceiro e quarto trimestres do ano, identificamos um contexto de expansão económica sustentada e sincronizada, crescimento e taxas de juro em níveis estruturalmente mais baixos, e um cenário continuado de baixa volatilidade. Em seguida fazemos uma análise sobre a repercussão que esta situação pode ter nas nossas carteiras.
Preferência por ações frente a obrigações
A última época de resultados confirmou a nossa perspetiva positiva sobre os fundamentais do mercado acionista e consideramos que esta classe de ativos trará uma rendibilidade sólida durante a segunda metade do ano. Para além disto, a expansão económica à escala mundial e a normalização das políticas monetárias apontam para um crescimento gradual da rendibilidade das obrigações durante os próximos cinco anos. As taxas de juro a longo prazo mantêm-se em níveis reduzidos devido a fatores estruturais, o que contribui para um contexto favorável para as ações. A earnings yield(o parâmetro inverso à relação preço/lucros) ainda parece atrativa face às yields reais das obrigações, o que significa que as ações poderão estar mais baratas do que parecem num mundo de taxas baixas.
Naturalmente, esta visão não está isenta de riscos. A percentagem de lucros que se destina a salários é historicamente baixa e as margens empresariais são elevadas. Qualquer política que reverta esta tendência poderia afetar negativamente as margens e as valorizações das empresas. Em todo o caso, segundo a nossa última análise, acreditamos que os investidores se veem recompensados por assumir o risco do mercado acionista num contexto com taxas de juro em níveis reduzidos.
Preferência pelos mercados norte-americanos
Contamos com uma perspetiva positiva sobre o mercado de ações norte-americanas, mas acreditamos que se podem obter maiores rendibilidades nos mercados emergentes, no Japão e na Europa. Sempre, e quando não se produzam alterações significativas em termos de divisas, comércio ou outras políticas, consideramos que existem oportunidades nas ações emergentes. As reformas económicas, a melhoria dos fundamentais das empresas e algumas valorizações atrativas apoiam esta visão. Nos outros mercados, identificamos elementos favoráveis para o mercado japonês, tais como algumas políticas empresariais mais positivas para os acionistas, uma política monetária ultra acomodatícia, valorizações em níveis reduzidos e sólidos benefícios empresariais. Não obstante, a apreciação do yen pressupõe um risco.
As ações europeias registaram um bom desempenho este ano, mas ainda estão a negociar com desconto em relação às norte-americanas. Acreditamos que ainda há margem para que esta diferença diminua, tendo em conta os fundamentais sólidos da economia europeia e a redução do populismo. Não obstante, a apreciação do euro poderia abrandar o ritmo do crescimento dos lucros das empresas europeias, para além da existência de outros riscos, como os políticos não cumprirem as suas promessas sobre as reformas, que o Banco Central Europeu retire os estímulos demasiado cedo ou que a instabilidade política em Itália aumente.
Reconsideração do risco
O atual contexto económico favorece os fatores de investimento que procuram exposição ao risco face aos defensivos. O fator momentum regista, tradicionalmente, um bom desempenho em momentos de expansão económica. Atualmente, o cenário de baixa volatilidade, juntamente com uma expansão económica sustentada, constitui o enquadramento ideal para o fator momentum.
Em obrigações, dívida corporativa em relação a dívida pública
Priorizamos a dívida corporativa face à dívida pública, dado que, na nossa opinião, os investidores continuam a ver-se recompensados por assumir risco ou estratégias de carry. Contudo, acreditamos que existem mais razões para ser mais seletivo no mercado de dívida corporativa do que no princípio do ano. A rendibilidade futura dos mercados de dívida corporativa será mais modesta que em épocas recentes. Neste contexto de recompensas reduzidas pelo risco da dívida corporativa, priorizamos as obrigações norte-americanas com grau de investimento.Temos um posicionamento neutro no segmento de alto rendimento norte-americano e preferimos os títulos de maior qualidade. Neste momento, subponderamos dívida corporativa europeia e somos seletivos no segmento da dívida emergente.