Obrigações convertíveis e o ISR, uma história de amor?

Nancy Scribot-Blanchet. OFI AM
Nancy Scribot-Blanchet. Créditos: Cedida (OFI AM)

TRIBUNA de Nancy Scribot-Blanchet, gestora do European and Global Convertible Bond, OFI Asset Management. Comentário patrocinado pela OFI Asset Management.

As obrigações convertíveis são, muitas vezes, consideradas uma classe de ativos de nicho (têm uma capitalização de mercado global de cerca de 500 mil milhões de dólares) capaz de replicar o desempenho das ações com menor volatilidade. E estes ativos têm uma palavra a dizer quando falamos de sustentabilidade.

Não podemos dizer que este universo seja fortemente penalizado por políticas de exclusão. Apenas uma pequena parte do universo de obrigações convertíveis se concentra em setores mais controversos (gás de xisto e xisto betuminoso, carvão, armas, tabaco, etc.). Geograficamente, falamos de 12% nos EUA, 19% na Europa, 9% na Ásia (excluindo o Japão) e 18% no Japão, o que se traduz em 14% a nível mundial.

Além disso, há uma dinâmica verde em curso. A primeira emissão de obrigações convertíveis verdes ocorreu em 2018 no Japão pela Sumitomo Forestry, com um valor inferior a 100 milhões de dólares. Esta empresa opera no setor florestal e na construção de casas feitas a partir de materiais derivados da madeira. Em 2019, a Link REIT, uma empresa de imobiliário com foco no retalho e cotada na bolsa de Hong Kong, emitiu obrigações convertíveis verdes no valor de 500 milhões de dólares. Desde então, as emissões começaram a crescer, atingindo-se um valor de financiamento superior a 4 mil milhões de dólares através de obrigações convertíveis verdes, o que representa cerca de 5% do montante total emitido em 2020.

Outras oportunidades surgiram com as obrigações convertíveis sustainability linked, ou seja, ligadas à sustentabilidade. A principal diferença deste tipo de obrigações para as obrigações convertíveis verdes está nos resultados, que não são dedicados a projetos verdes, mas as características financeiras da dívida estão associadas a objetivos de desempenho sustentáveis. Por exemplo, a Schneider Electric emitiu as suas primeiras obrigações convertíveis sustainability linked baseadas em 3 indicadores principais de desempenho (KPI): Clima (entrega de até 800 megatoneladas de emissões de CO2 poupadas aos clientes), Igualdade (aumento da diversidade de género) e Gerações (formação de um milhão de pessoas desfavorecidas em gestão energética).

Se a Schneider Electric não atingir um nível mínimo na classificação média de desempenho sustentável até ao final de dezembro de 2025, a empresa irá pagar um cupão adicional de 0,5% nas suas obrigações convertíveis.

Tudo se encaminha para que as obrigações convertíveis possam fazer parte da onda verde global.

Compromisso SRI da OFI AM para com as obrigações convertíveis

Na OFI AM, os critérios ESG são integrados nos nossos processos de investimento, desde o universo de investimento até à seleção de obrigações convertíveis e construção da carteira.

Numa primeira fase, utilizamos uma abordagem com base nos melhores dentro do universo, para excluirmos as empresas cuja classificação ESG se encontra nos piores 20% através de uma classificação interna.

Depois, excluímos empresas que não cumpram os nossos valores ISR e aplicamos as políticas de exclusão da OFI AM: armas controversas (acordos de Otava, Oslo e Paris), exclusão total do carvão térmico até 2030, saída total do setor do gás de xisto e xisto betuminoso e das areias asfálticas até 2030 com um objetivo de zero investimento na indústria petrolífera até 2050, empresas que violem a direção estabelecida pela iniciativa Global Compact da ONU e empresas do setor tabaqueiro.

A terceira fase, e provavelmente a mais importante, é o envolvimento. Os analistas SRI, os analistas de crédito e as equipas de gestão de obrigações convertíveis realizam comissões trimestrais para discutir a oportunidade de se dar início a um envolvimento ou diálogo direto com as empresas cuja classificação ESG interna seja mais baixa. Após a identificação dos principais problemas ESG, estabelecemos marcos diretos e regulares com a administração da empresa e analisamos as potenciais controvérsias que podem ter impacto na classificação ESG.

A OFI AM faz parte da dinâmica ISR e oferece fundos de obrigações convertíveis ao abrigo do Artigo 8 do SFDR, regulamento relativo à divulgação de informações relacionadas com a sustentabilidade no setor dos serviços financeiros.


Qualquer referência a uma empresa específica ou a um título específico não deve ser considerada uma recomendação para comprar, vender, manter ou investir diretamente na empresa ou nos títulos.