No seu habitual artigo de opinião, Carlos Bastardo analisa as recentes previsões lançadas pela Comissão Europeia e aspira a algumas mudanças necessárias em Portugal.
COLABORAÇÃO de Carlos Bastardo.
A Comissão Europeia (CE) divulgou há poucos dias as previsões económicas de outono. Para a União Europeia (UE), o PIB deve crescer este ano 0,6% e 1,3% em 2024. A zona euro deverá crescer 0,6% este ano e 1,2% em 2024.
Quanto à inflação, as estimativas para 2023 e 2024 são de 6,5% e 3,5% para a UE e 5,6% e 3,2% para a zona euro.
A taxa de desemprego deverá situar-se nos 6,0% e 6,5% em 2023 e em 2024 para a UE e para a zona euro.
Quanto ao défice público face ao PIB este será em 2023 de 3,2% na UE e na zona euro e de 2,8% em ambas as regiões em 2024.
A Alemanha, sendo a maior economia da Europa, é o país com mais dificuldades de crescimento: estima-se uma recessão de 0,3% este ano e crescimentos modestos em 2024 e 2025 de 0,8% e 1,2%, respetivamente.
Quanto a Portugal, este ano deverá crescer 2,2%, mas em 2024 o crescimento do PIB voltará para perto de 1%, ou seja, 1,3% o que é manifestamente pouco.
A inflação no país será de 5,5% este ano (ligeiramente revista em alta face às previsões de verão) e de 3,2% em 2024.
O desemprego manter-se-á nos 6,5% em 2023 e 2024.
O excedente das contas públicas, que este ano será de 0,8% do PIB segundo a Comissão Europeia em 2024 e em 2025, estima-se que seja de 0,1% e 0%.
A dívida pública, apesar de crescer em valor absoluto em 2023, deverá representar 103,4% do PIB este ano e 100,3% em 2024. Os 100% já poderiam ter sido atingidos antes da pandemia. O problema é que sem reformas, existe maior rigidez na despesa pública.
Em 2024, Portugal vai voltar ao crescimento abaixo de 2%, muito perto de 1%, o que demonstra que a estratégia económica seguida não tem produzido nem vai produzir, caso se mantenha, os resultados desejados. O país vai continuar a não se aproximar da média europeia e vai ser apanhado ano após ano por outras economias.
A política económica de distribuir migalhas, a cultura do subsídio em vez da cultura da produtividade e geração de riqueza, o peso excessivo do Estado na economia, o querer tributar tudo o que mexe, as decisões que desincentivam o investimento, as promessas de investimento público não cumpridas (em setores como a habitação, a saúde, a educação e a justiça) são alguns fatores que impactam negativamente no crescimento económico do país.
Vamos ter eleições em março de 2024 e seria bom que o governo que resultar das mesmas apresente soluções diferentes para a geração de riqueza e as concretize de facto num plano a médio prazo.