Os fundos nacionais de ações com menor exposição a controvérsias

Dentro do que é o investimento sustentável, observar as participações dentro dos portefólios que podem gerar controvérsias é uma das análises que poderá ser relevante executar. Neste contexto, as controvérsias surgem quando decisões e práticas no âmbito das empresas investidas por parte dos gestores de fundos provocam debates e críticas. Essas questões éticas ou legais, que poderão, no entanto, ter um cariz de subjetividade adjacente, podem envolver investimentos em indústrias controversas, conflitos de interesse, alegações de sustentabilidade que não correspondem à prática, falta de transparência, falhas na governança, entre outros.

Neste artigo é apresentado um ranking dos 20 fundos nacionais de ações com menor exposição a controvérsias. A lista resulta de um cálculo interno que tem em conta a intensidade das mesmas, de acordo com a classificação da Sustainalytics. Logicamente, uma percentagem de exposição a controvérsias baixas não pode pesar o mesmo que a mesma percentagem de controvérsias altas ou severas, por exemplo. Convém mencionar, também, que apenas os emitentes corporativos, de ações ou obrigações, são analisados pela Sustainalytics nesta vertente.

Deste modo, as controvérsias dividem-se, por ordem crescente de gravidade, em nenhuma, baixas, moderadas, significativas, altas e severas. Para tal, é atribuído um score de 0 a 5, em que 5 representa o nível máximo, severas, e zero o mais baixo, nenhuma percentagem de controvérsias existente. O cálculo é feito, portanto, multiplicando o score pela percentagem do portefólio alocada a cada grau de controvérsias. Desta forma, obtém-se uma pontuação mais justa que beneficia, de um modo geral, os fundos com menor exposição às controvérsias mais graves, sendo que o score pode flutuar entre os 0, de um fundo com uma exposição nula a qualquer controvérsia, e os 500, de um fundo com 100% de exposição a controvérsias severas. Importa, ainda, acrescentar que, por uma questão de rigor e confiabilidade, apenas são considerados os fundos com cobertura de dados de portefólio acima dos 70%.

Top 20 fundos nacionais de ações com menor exposição a controvérsias

A liderar a tabela e, portanto, com um score mais baixo no tema das controvérsias está o Caixagest Energias Renováveis da Caixa Gestão de Ativos, com 133,18. Um fundo de ações, maioritariamente, norte-americanas do setor energético e cuidados de saúde. Esta estratégia não apresenta nenhuma percentagem de ativos sob gestão alocada a controvérsias severas e, apenas, uma alocação residual a altas. 22% do seu portfólio não tem qualquer percentagem de alocação a temas controversos.

Em seguida, surge outro fundo da Caixa Gestão de Ativos, com 155,51, o Caixa Ações Oriente. Uma estratégia artigo 8º, pela classificação SFDR, que investe em diversos setores como serviços financeiros, indústria e energia, de países como Japão, Austrália e China. Este fundo apresenta 0,7% de controvérsias severas, e 3,93% a altas.

Por fim, a medalha de bronze vai para o Sixty Degrees Ações Portugal. Um fundo da Sixty Degrees com o objetivo de investir em ações portuguesas e que o faz em vários setores como matérias-primas, consumo cíclico e cuidados de saúde. 30% do seu portfólio está isento de qualquer controvérsia, ainda que apresente 12% de alocação a temas controversos altos.

No que respeita à entidade gestora, a BPI Gestão de Ativos e a Caixa Gestão de Ativos são as que apresentam mais fundos nesta lista, seis e quatro, respetivamente. A componente acionista de pequena e média capitalização europeia é a categoria que domina os fundos nacionais de ações com menor exposição a controvérsias, de acordo o método de análise utilizado.