Os fundos soberanos respondem à elevada inflação com mais bolsa e mais liquidez

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Créditos: David von Diemar (Unsplash)

A gestora Invesco publicou o seu novo Invesco Global Sovereign Asset Management Study, no qual analisa as perspetivas de 141 diretores de investimento, responsáveis por classes de ativos e estratégias de carteira sénior de um total de 82 fundos soberanos de investimento e 59 bancos centrais que, conjuntamente, gerem ativos no valor de 19 biliões de dólares.

Se em 2020 eram muitos os fundos soberanos que afirmavam que reduziriam as suas alocações a ações, o rally dos últimos meses parece tê-los feito mudar de opinião. Isto porque pela primeira vez desde 2018 aumentaram a sua alocação a ações, até aos 28% da sua carteira. Não é o único ativo no qual aumentaram posições: também o fizeram em liquidez, que já representa em média cerca de 9% das carteiras, o valor mais elevado desde 2015. Pelo contrário, o medo de que o pico de inflação não seja tão transitório como se defende maioritariamente, levou os fundos soberanos a cortar a sua exposição a obrigações até níveis de 30%, quatro pontos percentuais menos do que em 2020.

Fonte: Invesco

“Os fundos soberanos também tomaram consciência da importância de manter a liquidez para aproveitar as oportunidades de mercado quando estas surgem. Por sua vez, as alocações estratégicas de ativos e a perceção de risco de mercado estão a ser muito influenciados pela necessidade de gerar suficientes rentabilidades num contexto de taxas de juro extraordinariamente baixas, e é previsível que esse efeito seja prolongado”, afirma Rod Ringrow, head of Official Institutions da Invesco.

Preocupação com a liquidez

E a julgar pelas previsões que gerem estes fundos, o previsível é que mantenham estas preferências para os próximos 12 meses. Concretamente, 30% dos questionados prevê aumentar a sua exposição a ações (a obrigações apenas 16% o quer fazer) e 79% fá-lo-á em liquidez. E atenção, porque mais de 90% quer aumentar a sua exposição a matérias primas.

Esta procura por liquidez tem sentido tendo em conta que a crise do COVID-19 levou muitos fundos a dar liquidez às empresas dos seus países para ajudá-las a sobreviver num momento de crise. Nos mercados asiáticos e ocidentais, cerca de uma quinta parte dos fundos soberanos registou saídas. Por outro lado, essa percentagem foi muito superior no Médio Oriente e nos mercados emergentes, com cerca de 57% e 82% dos fundos soberanos a verem-se afetados.

Fonte: Invesco

O ESG também triunfa entre estes investidores

O estudo constata um aumento substancial da incorporação de princípios meio-ambientais, sociais e de corporate governance (ESG) nas carteiras dos fundos soberanos e dos bancos centrais desde 2017. Em apenas quatro anos disparou a proporção de questionados que adotaram uma política ESG no âmbito organizativo, que passa de 46% para 64% entre os fundos soberanos, e de 11% para 38% entre os bancos centrais.

A pandemia de COVID-19 serviu, como aconteceu com outros ativos, de catalisador. Quase um terço (23%) dos fundos soberanos e cerca de 45% dos bancos centrais focaram-se mais nos critérios ESG como consequência da pandemia.