Os gestores continuam posicionados para a inflação, mas acrescentam um toque de defensivos

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Foi tocado o pico de otimismo entre os gestores? Segundo o último Fund manager Survey da BofA, os gestores continuam posicionados para a inflação. Mas a grande mudança de abril é que estão a acrescentar toques defensivos às suas carteiras. A rotação para o value persiste, mas no mês existiu um salto importante para títulos de elevada qualidade e dividendos.

Podemos estar justamente no ponto de inflexão. Em comparação com o histórico, as carteiras continuam muito posicionadas para o boom. A FMS mostra um claro consenso pelos cíclicos. Concretamente pelos cíclicos de fase tardia: matérias primas, bancos, materiais, industriais, bolsa, europa e emergentes. E é que o consenso (69%) continua claramente a apostar num contexto de elevado crescimento e maior inflação.

Mas, e aqui está o interessante, no passado mês deram um ligeiro retoque nas carteiras. Na mudança mensal aprecia-se uma importante entrada no setor defensivo do consumo básico (Staples). É visível na persistência pela energia e REITS, onde continua a entrar dinheiro. Mas é curioso esse toque defensivo no mês.

É possível que se tenha tocado num certo pico de otimismo. Continuam a ser a maioria dos gestores que veem uma melhoria na economia global. São cerca de 84% dos questionados, ainda em máximos históricos, mas houve uma ligeira queda face ao mês passado. Para o BofA este dado é relevante. Os cinco períodos de pico de otimismo do FMS desde 1994 foram seguidos de uma queda de 75 pontos base na yield do Tesouro norte-americano. Mas também aponta que a postura da Fed é agora muito distinta. Assim, os gestores acreditam que o principal headwind é a inflação, acima de um taper tantrum.

Os gestores olham para a inflação pelo retrovisor. E cada vez ela se aproxima mais. Isto fez com que muitos vejam cada vez mais próxima uma subida de taxas. Pelo menos nos Estados Unidos. De momento o consenso espera uma primeira subida de taxas nos EUA na primeira metade de 2023. Mas cresceu em força o número de gestores que veem esta subida na primeira metade de 2022. E outros 25% veem-na na segunda metade de 2022.