Na batalha da gestão passiva vs ativa a entidade tem claramente um segmento preferido para cada geografia. A componente acionista foi quem mais contribuiu para a valorização do portefólio que em 2017 cresceu mais de 7%.
O ano de 2017 parece ter corrido de feição à Fundação Champalimaud, pelo menos no que toca aos resultados do seu portefólio financeiro. Segundo os dados referidos no seu relatório anual, o portefólio financeiro da Fundação fechou o ano passado com uma valorização de 7,06%, um crescimento correspondente a ganhos de 34.156.933 euros.
Contudo, segundo o mesmo documento, é referido que no término de dezembro de 2017 o valor líquido global estava nos 483.258.310 euros, representando um decréscimo de cerca de 30 milhões de euros em virtude da redução do endividamento. Salientam que, ainda assim, “os resultados foram positivos em todas as categorias de investimentos, com exceção do segmento cambial”.
2017: ano robusto
O ano passado parece ter reunido diversas condições que suportaram os bons resultados agora prestados pela Fundação. No relatório anual escrevem que “o crescimento forte à escala global, a inflação reduzida e estável e a política monetária de easing, global e persistente, criaram as condições para que 2017 fosse um ano robusto em ganhos, que se traduziram em resultados positivos na maioria dos ativos financeiros”.
A contribuição do mercado acionista.. via ETFs
O desempenho alcançado no portefólio de investimento da Fundação, dizem, ficou a dever-se essencialmente à componente acionista: um resultado positivo de 11,5% e ganhos que se cifraram na ordem dos 15,4 milhões de euros.
A gestão passiva foi o “método” a partir do qual a entidade extraiu valor da componente acionista nos EUA. No relatório indicam que os resultados se deveram “sobretudo à exposição às empresas americanas de grande capitalização por via de gestores passivos e à ultrapassagem dos benchmarks pelos gestores de ativos europeus”.
Em termos estratégicos, uma nova abordagem teve início no ano de 2017: foi implementada a estratégia de “covered call, que resultou em menor risco para o portefólio, mas também limitou os ganhos desta classe de ativos”.
A segunda fonte impulsionadora do portefólio de investimentos da Fundação dizem ter sido a classe de alternativos, que contribuiu para o mesmo com ganhos de 8,9%, ou seja, 7,8 milhões de euros. “Grande parte deste resultado teve origem nos hedge funds, que beneficiaram de estratégias de Long/Short (+12,7%), Event Driven (+12%) e Multi-Strategy (+8,3%). Os mercados “privados” também tiveram bons resultados, alcançando 14,7% para as empresas de private equity e 11% em private debt”.
Destaque também para o segmento de rendimento fixo, que teve “um comportamento positivo com o resultado de 8,6% (ganhos de 17,6 milhões de euros)”. Este desempenho, prosseguem, foi proporcionado pela “acumulação em títulos de crédito designados sensitive securities, em particular os títulos híbridos como os Cocos e outros preferred, com uma valorização de 15,6%”. Não menos importante, destaque “para o resultado dos gestores de High yield Bonds e de Senior Bank Loans, embora com menor peso”. Em termos negativos, a Fundação não deixa de fazer referência ao mercado cambial, que contribuiu para perdas de 5.173.158 euros.
Prudente e com perspetiva de longo prazo
Prudente e com uma perspetiva de longo prazo. É assim que a Fundação apelida o tipo de política de investimentos que executa, sublinhando que na instituição visam “ultrapassar o desempenho do mercado, selecionando os melhores fundos para cada categoria de ativos, e escolhendo-os em função simultaneamente do reconhecimento dos gestores e dos seus resultados”. Contudo, este delegar da gestão não inviabiliza, escrevem, “os investimentos ocasionais em títulos específicos, analisados e escolhidos pela administração, sempre na perspetiva oportunista de otimização de resultados”.
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