Os novos fundos mobiliários da Oxy Capital: a filosofia de private equity aplicada ao investimento em ações

Miguel Lucas e Pedro Sousa. Créditos: Vitor Duarte

A Oxy Capital é uma empresa com história no panorama português, mas sempre no segmento dos ativos privados. Os passos mais recentes no negócio da entidade, no entanto, colocam-na também no território dos fundos mobiliários. Miguel Lucas, sócio diretor, e Pedro Sousa, associado sénior na entidade gestora, contam a história do Oxy Capital Liquid Opportunities PPR e do seu fundo irmão Oxy Capital Liquid Opportunities. São dois fundos mobiliários de ações geridos de uma forma que capitaliza na experiência da equipa em private equity.

No negócio de private equity, “a Oxy é uma empresa que tem estado sempre focada em empresas relativamente pequenas, com um perfil tipicamente industrial, exportador e onde existem oportunidades de consolidação. Preferimos fazer compras em ambientes onde temos uma vantagem competitiva”, introduz Miguel Lucas. Agora que o foco está também em empresas cotadas e que a empresa se converteu numa SGOIC, a abordagem mantém a mesma filosofia, que Pedro Sousa detalha. “É uma carteira concentrada, apenas com as melhores ideias”. Nas cerca de 15 posições no PPR e aproximadamente 10 posições no fundo alternativo, a equipa faz o mesmo nível de due dilligence do que no capital de risco. “Acreditamos que, no longo-prazo, mais do que reduzir o risco medido pela volatilidade, é importante mitigar o risco de se perder dinheiro. Isso só se consegue conhecendo as empresas profundamente”, conta Pedro Sousa, enfatizando a importância de conhecer cada uma dessas empresas em detalhe, desde o CEO até ex-colaboradores, clientes e concorrentes.

Oportunisticamente, os gestores podem também incluir em carteira instrumentos de dívida como, aliás, também o fazem na componente de private equity. “Apesar do foco do nosso research ser em ações, queremos a flexibilidade para investir em toda a estrutura de capital”, diz. Já a equipa é generalista, como a apelida Pedro Sousa: “Um associado da Oxy tanto pode fechar um negócio de capital de risco, como analisar uma empresa cotada. Cada vez mais temos desenvolvido este segundo aspeto”.

Carteira de verdadeira convicção

O universo de investimento é global, mas a aposta, tal como na abordagem aos ativos privados, é feita naquelas empresas onde a Oxy Capital tem uma vantagem competitiva. Por um lado, empresas small caps que resultam atrativas em termos fundamentais da análise que a equipa identifica no seu dia a dia. Nestas empresas apontam para um horizonte temporal do investimento de três a cinco anos. Por outro lado, uma pequena parte da carteira é reservada para oportunidades de mais curto prazo, event driven. “É uma parcela da carteira onde procuramos explorar oportunidades que resultam de spin-offs, aquisições, reestruturações… oportunidades de arbitragem no curto prazo e com um catalisador forte”, conta, Pedro Sousa

Track record

Falamos de uma estratégia que, contudo, não é nova na casa. “Desde dezembro de 2018 que a Oxy Capital tem investido em ações na parte líquida de um dos fundos da casa, com base na mesma estratégia com um sucesso expressivo em relação ao MSCI World em euros. Temos vindo a profissionalizar essa gestão e a aumentar o volume investido”, diz Pedro Sousa. Com os bons resultados conseguidos decidiram abrir a estratégia a investidores externos, começando “com investidores que já investem com a entidade há muito tempo e estão satisfeitos com os retornos históricos elevados nas estratégias de capital de risco”.

Para Pedro Sousa, a concentração da carteira em poucos nomes garante um nível ótimo de diversificação no contexto da busca por alfa a que se propõem. “O que se perde de retorno potencial por dividir a atenção entre mais de 20 ou 30 empresas não compensa a redução de volatilidade”. E Miguel Lucas complementa: "O nosso objetivo com estes fundos não é diversificar o risco. Isso é algo que o investidor pode fazer por conta própria, diversificando entre vários fundos. O nosso objetivo é somente fazer bons investimentos". 

Alinhamento de interesses

"Quando a Oxy começou, adotamos uma filosofia de ganhar dinheiro por via de ganhos de capital em vez de comissões de gestão”, conta Miguel Lucas. Mais uma vez, na gestão de ativos mobiliários não será diferente. Por um lado, para já, dado a fase inicial dos fundos, a comissão de gestão é de 0,8% e reduzida para 0,6% para investimentos superiores a 500.000 euros. Por outro, a comissão de performance é de 20%, mas com uma hurdle de 8% e com catch up, cristalizada apenas ao fim de cinco anos. “Esta estrutura de comissões visa incentivar o desempenho e recompensar os investidores pelo sucesso do fundo”, conta Miguel Lucas. Com vista à estabilidade da base de capital e a garantir o compromisso dos investidores com o longo prazo, também é imposta uma comissão de resgate, mas apenas nos primeiros três anos. O mínimo de investimento são 100.000 euros. "Se conseguirmos gerar muitas receitas, é porque os nossos investidores também estarão a ganhar muito dinheiro", termina o sócio diretor da Oxy Capital.