Os segredos dos dois fundos da Pioneer Investments premiados pela Morningstar

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Na Pioneer Investments a sorte bateu à porta. A gestora viu reconhecido o seu trabalho no ano passado pela Morningstar, através dos seus dois fundos estrela, o Pioneer Euroland Equity e o Pioneer Euro Bond. A entidade italiana foi a única que recebeu mais do que um prémio nas categorias de fundos de investimento apresentadas pela Morningstar. Por exemplo, no caso da categoria de Ações Zona Euro, a empresa de análise  destacou o trabalho de Fabio Di Giasante [Na imagem do lado direito] e de Andrew Arbuthnott, gestores que conseguiram atingir uma rendibilidade de 26,9% em 2013. Na categoria de Obrigações Euro, o reconhecimento foi para Tanguy Le Saout [Na imagem do lado esquerdo] e Cosimo Marasciulo que conseguiram uma rendibilidade de 2,3% em 2013. Mas como águas passadas não movem moinhos, a Funds People foi perguntar  aos responsáveis de ambos os fundos quais as estratégias que vão seguir em 2014.

A estratégia do fundo Pioneer Euroland Equity

Fabio Di Giasante é o gestor principal do Pioneer Funds – Euroland Equity. Faz parte da equipa de investimento de ações Europa em empresas de grande capitalização com Andrew Arbuthnott. Di Giasante tem um equipa de analistas focada em análise fundamental de ações europeias e estão organizados por sector de especialização. A análise de investimento é uma atividade separada dentro da gestão da carteira. Os analistas estão especializados por sector enquanto os gestores do fundos da gestora estão especializados por produto. Neste sentido, a gestora reconhece a importância de uma equipa de compra (buy-side) independente.

Segundo explica, o sector de especialização de cada analista permite-lhe desenvolver um conhecimento profundo do seu sector e construir relações duradouras com as empresas que seguem. “Perceber os pontos fortes das empresas dentro de um sector será crítico na hora de selecionar aqueles valores que acreditamos que irão oferecer rendibilidades superiores a longo prazo”, explicam. Os analistas fazem recomendações baseadas nas melhores oportunidades de investimento que encontram dentro do seu sector de análise. Para o resultado final do processo de análise, fazem recomendações de compra e de venda que depois são utilizadas pelos gestores de carteiras.

Os gestores de carteira trabalham em estreia colaboração com os analistas, fomentado uma cultura de partilha de ideias. “A estratégia do fundo continua a ser altamente focada na seleção de valores. Acreditamos que um processo bottom-up e focado em valores de análises vitais para que haja uma rendibilidade ajustada a um risco consistente. Enquanto o preço das ações pode ser volátil no curto prazo, a evolução do preço por ação de uma empresa a longo prazo, é, em último instância, marcada pelos fundamentais subjacentes”. Na verdade, a seleção de ações foi a chave para o fundo no ano passado, segundo Di Giasante.

A preferência por empresas de alta qualidade, com valorizações atrativas e com um potencial de crescimento sólido foi vital para o êxito do fundo durante o ano de 2013. Acertámos nas ações de boa qualidade em sectores como os serviços de telecomunicações, industriais, financeiros e consumo discricionário. Ao nível das ações, a nossa exposição a Thales (bens de capital), Deustche Telekom, Ziggo (serviços de telecomunicações) e Unilevar foram grantificantes ao longo do ano. Também acreditamos que o nosso foco core/oportunidades na hora de investir foi a chave para o sucesso da nossa estratégia”, explica Di Giasante à Funds People.

O fundo investe com o objetivo de alcançar objetivos a longo prazo, mas também de captar oportunidades a curto prazo. As posições “core” do fundo pertencem a companhias de qualidade com valorizações atrativas e com forte potencial de crescimento. “Uma vez que estabelecemos o elemento “core”, o nosso processo de investimento dá-nos uma margem para fazer boas apostas táticas a curto prazo, aproveitando as oportunidades de investimento como as tendências do momento ou oportunidades geográficas, oferecendo aos investidores um acesso ao melhor de todo o mundo. A carteira está concentrada em 35-40 ações que mostram os nosso investimentos mais sólidos. Cada posição tem um mínimo de 1% acima da sua posição no índice, o que evidencia a plena e genuína convicção sobre a aposta do gestor no fundo”.

Não têm um política especifica de stop-loss ou de stop-profit, mas revêm regularmente os seus argumentos de investimentos.O beta atual é de 0,98 e temos a intenção de o manter no nível atual, em torno de 1. Apesar da grande mudança nos mercados em 2013, o peso por sector da nossa carteira não mudou muito. Em particular, continuamos sobre ponderados nos sectores do consumo discricionário e industrial. No entanto, dentro de cada um desses sectores mudámos algumas posições, já que temos tido alguns lucros nas empresas que apresentaram comportamentos positivos  e ainda adicionámos empresas com avaliações atrativas. Ambos os sectores continuam a oferecer uma grande variedade de oportunidades de investimento, tanto a nível de crescimento local como global”.

Em relação ao sector financeiro e a 2014, o especialista acredita que o ambiente macroeconómico europeu continuará a melhorar e o sector (particularmente bancos e seguros de vida) serão beneficiados com essa melhoria. “Temos  mantido a nossa sobre ponderação em bancos, especialmente nos maiores e particularmente naqueles que mantêm uma maior exposição a mercados que acreditamos que possam apresentar um maior crescimento do que o esperado este ano e que não estão a pagar múltiplos inteiros de ROE a médio prazo”. Zurich Financial Services é uma das companhas que adicionámos à carteira no final de 2012. Outra foi a francesa Faurecia. Em Espanha temos quatro posições: BBVA, Inditex, Repsol e Enagas.

A estratégia do fundo Pioneer Euro Bond

Tanguy Le Saout é o diretor de Obrigações Europeias da Pioneer Investments e responsável do fundo Pioneer Euro Bond, o segundo fundo premiado pela Morningstar. Os ativos com qualidade de crédito AAA e AA representam 58% da carteira. Nesse sentido, o rating médio dos ativos é de AA. “A maioria da carteira está posicionada em títulos que tentam replicar o índice de referencia, o JPMorgan EMU Government Bond Index. Portanto, a parte de liquidez do fundo replica também um índice, no caso o Bund alemão e o OAT francês formam a maioria da posição”, explica o gestor.

O processo de investimento do fundo utiliza uma cobertura de retorno absolutos para gerar alfa e, sendo assim, os gestores do fundo estão constantemente a avaliar as oportunidades de investimento em diversos segmentos do mercado de obrigações com grau de investimento. Atualmente estamos a assistir a oportunidades nos spreads dos títulos soberanos dos países periféricos europeus”, revela o especialista. Nestes momentos, a carteira tem uma duration de 5,28 anos. “Esperamos ter posições para durações mais longas e mais curtas ao longo de 2014, dependendo das condições do mercados e do nível geral das taxas. Atualmente, estamos curtos na duração contra o índice de referência do fundo.”

A grande questão é: que rendibilidade espera atingir em 2014? “Neste momento, antecipamos uma rendibilidade plana ou de um dígito (muito baixo) para o ano. No entanto, acreditamos que existirá um risco significativo de rendibilidade ligeiramente negativas se as taxas das obrigações subirem mais rápido do que esperamos. Atualmente, o fundo aposta numa caída significativa das taxas das obrigações europeias e por uma maior redução dos spreads de crédito”, reconhece o especialista. Le Saout acredita, ainda, que existem razões para a incerteza e para um risco potencial de queda do mercado que irá manter a posição defendida pelos bancos centrais de manter a política monetária intacta.

Nesse sentido, o especialista pensa que as taxas de juro estão próximas de zero, enquanto o BCE está preparado para tomar medidas adicionais para reanimar a economia dado que o “credit crunch” dos bancos centrais está a ser o principal obstáculo para uma recuperação sustentável. “É aqui que o BCE tem poucas ferramentas disponíveis. A autoridade monetária não está a mencionar os riscos de deflação, mas Draghi observa que se deve seguir a experiencia do Japão, isto é, agir com antecedência antes que a deflação toma conta da economia e depois a política monetária seja ineficaz. Por isso acreditamos que um programa parecido com o da FED esteja na agenda do BCE para 2014”.

“Os Estados Unidos viram grande parte da recuperação das classificações de crédito, enquanto a Europa pode precisar de estímulos nas suas política monetárias, nomeadamente na Eurozona onde as expectativas podem ser vulneráveis a fatores internos e externos. Além disso, a Europa também pode influenciar um possível abrandamento económico nos países emergentes, incluindo a China. Neste cenário, deveria haver pouca pressa para normalizar as políticas monetárias mais fracas, incluindo os EUA. O efeito riqueza causado pelos mercados de ações altos e pelas avaliações imobiliárias foram os elementos chave para o crescimento da procura interna e podem ser afetadas negativamente por um tapering acelerado”.

Acreditamos que, como resultados, as rendibilidade das obrigações, também na parte mais longa da curva, não aumentam de forma significativa como fizeram em tempos passados. Há, também a possibilidade de haver redução de rendibilidades como vimos recentemente”, afirma o especialista.