Os três grandes desafios que Rishi Sunak enfrenta: a opinião das gestoras britânicas

Downing-Street reino unido
Créditos: Rui Chamberlain (Unsplash)

Os deputados conservadores escolheram Rishi Sunak como o novo primeiro-ministro do Reino Unido. Agora deve tranquilizar os investidores, reunir o seu partido e recuperar a confiança dos eleitores. Esse é o objetivo a que se propôs o novo inquilino do número 10 de Downing Street. Mas isto não será nada fácil. Pelo menos é essa a opinião das gestoras britânicas, que acreditam que o novo primeiro-ministro terá de enfrentar desafios muito importantes. Especificamente, três. E não será fácil cumprir com todos.

Desafio # 1: convencer os investidores 

Em primeiro lugar, terá de convencer os investidores de que as finanças públicas britânicas estão num caminho sustentável. “Os mercados reagiram positivamente à sua nomeação devido à sua reputação fiscalmente conservadora e à sua experiência prévia como chanceler. Mas esta credibilidade deve ser consolidada com a apresentação do plano fiscal prevista para 31 de outubro”, explica George Brown.

Segundo o economista da Schroders, os relatórios sugerem que dezenas de milhares de milhões de libras vão ser arrecadadas através da reforma dos impostos sobre as mais-valias, para além do alargamento do congelamento dos limites e dos desagravamentos fiscais sobre o rendimento. “Também faria sentido manter Jeremy Hunt como chanceler por uma questão de estabilidade”, afirma.

Desafio # 2: reconciliar as fações dos tories

O segundo grande desafio que o novo primeiro-ministro enfrenta será reunir as fações em conflito dos tories. “Tanto as fações moderadas como as da direita do partido entraram em confronto durante o processo pela liderança neste verão. E as tensões aumentaram ainda mais quando Liz Truss nomeou os seus defensores para posições-chave no seu Governo e retirou aqueles que tinham apoiado o seu rival. Uma remodelação do gabinete que refletisse melhor o espectro ideológico do partido ajudaria a promover a harmonia entre os deputados conservadores”, assinala o especialista.

Desafio # 3: recuperar os eleitores

Em terceiro lugar, deve recuperar os eleitores para as próximas eleições gerais. As sondagens apontam atualmente para uma diferença de 32 pontos entre os conservadores e o Partido Trabalhista. Para Brown, reverter este défice será talvez o seu maior desafio. “Em parte devido à magnitude do dano de reputação que o seu partido sofreu no último mês. Mas também porque muitos dos obstáculos que o Reino Unido enfrenta vêm do estrangeiro e, portanto, estão fora do seu controlo”.

Segundo o economista da Schroders, será difícil apaziguar os três simultaneamente. “Poucas coisas são tão impopulares entre os eleitores como a subida dos impostos e a autoridade fiscal, mas fazer o oposto colocaria o primeiro-ministro contra os investidores. Como ex-ministro das Finanças, terá consciência da necessidade de reduzir os custos de endividamento do Reino Unido através da redução dos spreads. Sunak não tem, assim, outra escolha senão ser sincero quanto à necessidade de tomar decisões difíceis em prol do país. É uma história difícil de vender, especialmente com a aproximação das eleições gerais”, avisa.

Por enquanto, Luke Bartholomew, economista sénior da abrdn, reconhece que a nomeação de Sunak como primeiro-ministro é o resultado mais favorável para o mercado dadas as opções e deve implicar uma política fiscal britânica mais ortodoxa para o futuro.

“O Reino Unido ainda enfrenta importantes riscos a curto e médio prazo. Neste momento, o novo governo terá de apresentar um plano fiscal credível, enquanto o Banco de Inglaterra enfrenta o desafio de realizar um endurecimento monetário significativo ao mesmo tempo que tenta salientar que a curva das taxas está agora provavelmente mal valorizada no sentido de yields mais elevadas. Neste contexto, é provável que os ativos em libras esterlinas permaneçam voláteis”, conclui.