Os verdadeiros motivos que levaram as gestoras a reclassificar os seus fundos de Artigo 9º para Artigo 8º

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Créditos: Johann Siemens (Unsplash)

Após a publicação do nível 2 da SFDR, os requisitos para que um fundo de investimento seja classificado como produto Artigo 9º são muito mais numerosos e rigorosos. Basicamente, para um fundo poder entrar nesta categoria, todos os investimentos do fundo têm de ser sustentáveis. O que é isto e como se mede? A interpretação do que é ou não sustentável ainda não é clara. Mas o que se exige é que as gestoras publiquem múltiplas métricas de diversos fatores para medir o grau de sustentabilidade dos seus investidores.

O que aconteceu? Tal como explica José García-Zárate, diretor de Análise ETF na Morningstar, muitas gestoras preferem ser cautelosas. Por várias razões. “Algumas não têm capacidade ou não querem incorrer no custo de calcular todas essas métricas. Outras calcularam-nas e descobriram que não cumprem todas. Também há quem as tenha calculado e, embora as cumpram na teoria, subsistem dúvidas sobre a interpretação final do que é e não é a definição de investimento sustentável”, explica o especialista.

Fundos alinhados com o Acordo de Paris reclassificados

Como resultado, muitos fundos foram reclassificados de Artigo 9º para Artigo 8º. Mas no caso dos produtos que reproduzem o comportamento dos índices alinhados com o Acordo de Paris, por que é que existem produtos que já não são Artigo 9º e foram reclassificados para Artigo 8º? A interpretação que o diretor de Análise de ETF da Morningstar faz é que a maioria destes produtos estão no caso b. Ou seja: “as gestoras calcularam as métricas, mas deram-se conta de que não as cumprem”, afirma.

O facto é que tudo o que aconteceu com a desclassificação dos fundos Artigo 9º e reclassificação dentro do Artigo 8º gerou um grande mal-estar entre a comunidade de investimentos. Mas não só. Tal como José García-Zárate indica, a consequência disto é que, agora, “o Artigo 8º tornou-se uma mistura onde encontramos desde o mais light green a fundos que, no papel, são dark green impact, mas cuja classificação foi reduzida por precaução e para evitar possíveis problemas com o regulador”, conclui.