O Incometric Fund Heed Patrimonio, a cargo da Heed Capital, deu nas vistas na categoria de alocação cautelosa em 2024. Da entidade destacam a flexibilidade do produto, mas também o facto de se terem afastado da previsibilidade de prazos mais curtos.
Na retrospetiva feita - como em todos os anos - aos fundos mais rentáveis do ano anterior, na categoria de alocação cautelosa foi o Incometric Fund Heed Patrimonio, da Heed Capital, que deu nas vistas. Conforme noticiado, entregou ao mercado 12,40% de rentabilidade em 2023, o que fez com que o produto se destacasse dos demais congéneres.
Segundo Pedro Alves, responsável de Investimentos da entidade, a gestão flexível do fundo foi chave para adaptar a estratégia durante o ano passado, mas o verdadeiro atributo de performance foi outro. “O fator que mais contribuiu foi, na nossa opinião, o foco na alocação estratégica e a forte convicção que permitiu abstrair das narrativas e ruído de mercado”, comenta. Relembrando o ano que passou, o profissional deixa uma nota: “A imagem do final de ano dos mercados mascara um ano mais difícil do que parece à superfície”, comenta.
A flexibilidade referida por Pedro Alves reflete-se na forma como moveram a alocação do fundo em 2023. No início do ano, relembra, começaram com uma alocação “significativa” a ações, e com uma duration “relativamente alta”, o que, na sua opinião, foi uma “decisão que se revelou prematura”. No seguimento do ano, foram “reduzindo o posicionamento em ações” e aumentaram a duration do fundo. E porquê? “A nossa convicção era de que o mercado estava muito negativo quanto às perspetivas para as taxas de juro e que a inflação estava num caminho de normalização, o que no último trimestre se revelou acertado, depois de um verão difícil”, contextualiza e relembra Pedro Alves. O final do ano, por sua vez, trouxe uma redução da duration do fundo, “depois de um movimento significativo nos prazos mais longos”.
Flexibilidade e ausência de benchmark
O facto de o Incometric Fund Heed Patrimonio não ter um benchmark definido, é uma das caraterísticas que a equipa aponta como chave para o seu sucesso. “Possibilita-nos ter uma gestão mais flexível e permitiu adaptar o fundo à nossa visão de mercado”, refere o responsável. Por outro lado, também a duration elevada é vista como “uma caraterística diferenciadora durante o ano”, diz Pedro Alves, lembrando o posicionamento contrário de outros peers. “Muitos fundos optaram pela previsibilidade de prazos mais curtos, sem incorrer em grande risco de taxa de juro. Essa opção estratégica acabou por fazer a diferença, mas trouxe-nos alguma volatilidade acrescida”, confessa.
Para o resto do ano, a equipa mantém a convicção de que “a inflação continuará numa trajetória descendente, embora os comparáveis sejam agora mais difíceis do que no ano passado”. Se este cenário se materializar, e também se os bancos centrais conseguirem um soft-landing, Pedro Alves augura “uma conjuntura favorável para obrigações”. “Taxas de juro mais baixas num cenário de desinflação, mesmo num cenário de abrandamento económico, podem permitir alguma expansão de múltiplos nos mercados”, prevê o profissional.
Relembrando que o ano passado foi muito liderado pelas Sete Magníficas, “com o restante mercado a ter um comportamento relativamente mais fraco”, na sua opinião esse fator “poderá dar oportunidades para que haja alguma rotação”.
Para 2024, a equipa monitoriza riscos vários, com os riscos geopolíticos à cabeça… mas não só. “Outros eventos poderão ter impacto nos mercados financeiros e, por isso, a flexibilidade será importante”, aponta. No trabalho que executam no fundo, o posicionamento estratégico é chave, mas “tão ou mais importante” será “a capacidade de gerar alfa, através da capacidade de adaptar a carteira a alterações de mercado”, conclui.