O lucro operacional das gestoras europeias estancou nos 13 pontos base desde 2013. Revelamos as tendências que impactam o setor.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
A indústria da gestão de ativos viveu um crescimento quase imparável quanto a ativos sob gestão na última década. Até num ano de dupla crise de saúde e económica, o setor terminou com mais património do que começou. E, contudo, como negócio estão a viver um estancamento. A rentabilidade dos lucros está a diminuir num contexto de bonança.
Como se pode ver no gráfico da EFAMA, a eficiência do negócio (em termos de pontos base por ativos sob gestão) manteve-se medianamente estável desde 2013, ainda que com uma tendência mínima para descer. Assim, o lucro operacional médio fechou 2019 nos 13,4 pontos base. Isto, apesar do esforço das gestoras para reduzir custos, que se reflete no facto dos custos operacionais baixarem dos 20,1 pontos base.
E as receitas líquidas como percentagem de ativos sob gestão nesse mesmo período caíram dos 35,9 pontos base de 2013 aos 33,5 de 2019. É um mínimo histórico para o setor. Em termos absolutos, os lucros cresceram 4,8% entre 2014 e 2019, mas do ponto de vista da eficiência e rentabilidade por ativos, a tendência é negativa.
O que explica isto? Há razões, mais e menos comentadas. Por um lado: a guerra de custos e o auge da gestão indexada. “As pressões persistentes nos preços e o impacto da mudança dos fluxos para estratégias e veículos de menor custo, particularmente fundos passivos e ETF, reduzido progressivamente os lucros líquidos em percentagem de ativos sob gestão”, explicam na EFAMA. É certo que o setor mitigou parte do impacto com o crescimento em produtos multiativos ou alternativos, mais rentáveis do ponto de viste de negócio, mas não foi suficiente para o compensar.
Mas a mudança na procura de ativos não é o único fator. Porque essa queda no rácio de custos operacionais explica-se principalmente pelo crescimento do património total. A realidade é que, em termos absolutos, os custos operacionais aumentaram 4% entre 2014 e 2019. “A indústria da gestão no geral não foi capaz de gerar um crescimento consistente nos seus lucros operacionais”, conclui a associação europeia. Além disso, os custos continuam a crescer. O mais notório é o investimento em tecnologia, onde o gasto cresceu ao ritmo de 12% anual desde 2013. Mas também subiu o gasto em investment management (6% anual) e em marketing (7% anual).
Para a EFAMA, isto é um dos grandes desafios para a indústria. Porque parece que o aumento em custos cresce de forma persistente enquanto os lucros líquidos são voláteis e muito expostos aos movimentos do mercado.