A Agência de notação financeira Fitch afirma que Portugal pode conseguir regressar aos mercados, que o programa cautelar pode dar confiança aos investidores e que assim pode evitar um segundo resgate.
A agência de notação financeira Fitch, através do seu relatório “Portugal: A Challenging Debt Sustainability Path”, afirma que é possível que Portugal regresse ao mercados durante o próximo ano e que assim irá evitar um segundo resgate. Segundo os especialistas da agência, para Portugal é mais provável a linha de crédito com condições melhoradas (ECCL) do que a linha de crédito cautelar (PCCL).
"Dado que o ECCL é uma rede de segurança, Portugal terá de ter algum acesso ao mercado. De acordo com as nossas previsões, O Estado terá de emitir 14 mil milhões de euros (83,4% do PIB) em 2014. Apesar do prazo para as emissões ser apertado é plausível que aconteça", afirmam os analistas da Fitch que assinaram o relatório, Michele Napolitano, Enam Ahmed e Douglas Renwick.
Ainda assim, para Portugal ser elegível para a PCCL, o país deve ter uma trajetória sustentável da dívida pública para conseguir cumprir o PDE (Procedimentos de Défices Excessivos) e ter um histórico de acesso ao mercado a preços razoáveis. A Ficth estima que a dívida pública em Portugal atinja os 129% do PIB em 2014/2015 e que se vá reduzindo gradualmente a partir de 2016. “De acordo com o nosso cenário base, a dívida pública poderá cair para 115% do PIB em 2022. Isto implica que os governos de Portugal mantenham um saldo primário positivo médio de 3% do PIB entre 2016 e 2022. Isto representaria um esforço significativo dado o défice médio do saldo primário de 1,3% do PIB na década anterior a 2008”, continuam os analistas. Desde modo, “apenas um ECCL parece ser a opção viável, pois foi projetado para os países que não cumprem todos os requisitos para um PCCL”, confirma a equipa da Fitch responsável pelo relatório.
“Se Portugal negociar uma linha de crédito no início de 2014, esta linha poderá sustentar a confiança dos investidores de forma significativa e assim suavizar o regresso ao mercado”, continuam os analistas. Também uma decisão desfavorável do Tribunal Constitucional poderá dificultar a tarefa a Portugal, levando a um atraso nas emissões que podem ser cruciais para o futuro do país.
Para a Fitch, Portugal não deve ter um segundo resgate por parte das entidades internacionais. Mesmo que isso venha a acontecer, não haverá um perdão da dívida aos investidores. "Isso tiraria Portugal dos mercados durante muito mais tempo. A dinâmica da dívida portuguesa não é suficientemente negativa para que Portugal tenha o mesmo tratamento que a Grécia", concluem os analistas.