Será que investir em quality growth com foco em ESG faz sentido? Num pequeno-almoço organizado pela FundsPeople, em conjunto com a Carmignac, profissionais da indústria debateram a importância destes conceitos e como se relacionam.
No mais recente pequeno-almoço organizado pela FundsPeople, em conjunto com a Carmignac e sob o tema investir em quality growth, alguns profissionais da indústria partilharam insights e a sua experiência nesta área.
Quality growth é um género de investimento categorizado, tal como o nome diz, por investir em empresas de qualidade, com potencial de crescimento em qualquer fase do mercado, devido a uma panóplia de caraterísticas que permitem à empresa resistir a ameaças externas, mantendo a sua posição de mercado.
Se um dos fatores principais deste grupo de empresas é a solidez face às externalidades, é razoável assumir que há uma necessidade intrínseca de seguir parâmetros ESG. Ignorar os fatores ESG pode levar a dificuldades climáticas, sociais e a uma gestão menos efetiva, para além de que, certamente, irá expor o negócio a obstáculos legais e, eventualmente, ao maior escrutínio da opinião pública.
No entanto, os investidores particulares não parecem convencidos. Este grupo está principalmente focado no retorno que o investimento traz. Miguel Pinto, private banker, reforça que “os investidores preferem ativos com bom desempenho, e não necessariamente ativos ESG”. Prossegue, referindo que vê que “os clientes ainda não tomam propriamente atenção a estes fatores”. Claro, dada a hipótese de investir num investimento sustentável que obtém os mesmos resultados, muitos irão optar por preferir os produtos que têm essa camada mais, mas não é esse o foco, nem o que exigem.
ESG… e a rentabilidade?
Na perspetiva de João Paulo Silva, do departamento de Desenvolvimento e Marketing do novobanco, o bom desempenho, apesar de não ter necessariamente ligação ao foco em ESG do negócio, pode ser afetado caso haja uma despreocupação generalizada pelo ambiente e pela sociedade. “O foco nos fatores ESG pode ajudar a prevenir desastres ambientais ou sociais, que poderão afetar a rentabilidade do ativo. Dito isto, apesar de um investidor de quality growth não ter, necessariamente, o seu foco nos ativos ESG, deve pensar em como estes fatores podem afetar direta ou indiretamente o seu investimento”. “O quality investing é principalmente guiado por uma análise bottom-up”, finalizou.
No mesmo tópico, Rui Araújo, gestor de carteiras de ações na BPI Gestão de Ativos, afirma que, no segmento de quality, “o tipo de empresas que se encontram, são empresas que já trabalham muito bem as questões de sustentabilidade, que têm os recursos humanos e financeiros para lidar com elas e que já as incorporaram nas suas operações e cultura corporativa. Assim, é natural que este tipo de empresas apresente uma boa avaliação em termos de sustentabilidade... Há uma correlação positiva entre estas empresas e bons ratings ESG”. Por outro lado, relembra também que uma empresa com riscos ESG mais elevados exige um maior retorno pela parte dos investidores, afetando assim a criação de valor da empresa.
Paralelamente, Ramón Carrasco, diretor de desenvolvimento de Negócio da Carmignac, relembra que os seus clientes são institucionais. Assim sendo, a Carmignac cumpre com as exigências do grupo de investidores com maior foco em ESG. Como diz Ramón Carrasco, “se um cliente quer que um produto Carmignac corresponda ao artigo 8.º ou artigo 9.º para pertencer à sua carteira, temos um produto compatível com o pedido”.
Desta forma, a Carmignac tem investido significativamente em processos e ferramentas que garantam a conformidade com os requisitos ESG. Assim, além do cumprimento regulatório e de preencher os requisitos dos clientes, este alinhamento estratégico com os fatores ESG também pode representar uma vantagem competitiva no mercado de gestão de ativos.