Que classe de ativos e setores podem ser mais beneficiados pelas alterações demográficas e sociais que se avizinham

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Créditos: Aron Visuals (Unsplash)

A indústria da gestão de ativos atravessará um período de mudança profunda nos próximos 10 anos, com a convergência de forças disruptivas muito potentes. Além das tendências tecnológicas e de sustentabilidade, as alterações demográficas podem incidir nas estratégias de investimento e nas decisões de alocação de ativos. Neste contexto, a BNP Paribas Asset Management realizou um estudo entre os investidores para compreender melhor as perspetivas e o comportamento dos investidores em relação às grandes tendências demográficas e sociais. Entre elas está o aumento do envelhecimento populacional nos países desenvolvidos (e o seu impacto significativo nas pensões e nas reformas), a ascensão dos investidores jovens e a expansão da classe média nos mercados emergentes.

O inquérito foi realizado pela Coalition Greenwich em nome da gestora francesa durante maio de 2022. Reuniu as opiniões de 135 intermediários e investidores institucionais da Europa, Ásia e Estados Unidos sobre o impacto da evolução demográfica na tomada de decisões de investimento e na alocação de ativos. É o último de uma série realizada no âmbito da colaboração de investigação entre a BNP Paribas Asset Management e a Coalition Greenwich.

As grandes alterações geográficas e sociais poderão afetar as estratégias de investimento

O primeiro dado é que as alterações geográficas tiveram impacto nas decisões de alocação de ativos de três quartos (74%) dos investidores nos últimos três anos. E praticamente todos (95%) acreditam que terá uma maior influência nas decisões de investimento na próxima década. Por regiões, 42% dos investidores norte-americanos inquiridos indicaram que as alterações geográficas já afetaram a sua alocação de ativos, em comparação com 78% na Europa e 83% na Ásia. Este impacto foi mais acentuado entre os intermediários consultados: 86% deles já tinham tido em conta este fator nas suas decisões de investimento, em comparação com 69% dos investidores institucionais.

Quase todos os investidores inquiridos (95%) citaram a aceleração do mundo digital e das novas tecnologias como uma mudança importante que determina as suas estratégias de investimento, seguida de perto pelo impacto do envelhecimento da população (91%), das mudanças nos hábitos de consumo (89%) e do crescimento populacional nos mercados emergentes (86%). Estes dados também refletem os setores mais atrativos identificados pelos inquiridos: 91% consideram o setor da saúde como significativamente atrativo, seguido da tecnologia (84%), energia (67%), agro-alimentar (63%), lazer e turismo (60%) e imobiliário (59%). A crescente atratividade destas áreas também está relacionada com a pandemia e as alterações climáticas

Principais diferenças regionais

O setor da saúde foi considerado mais importante na Europa e na Ásia (95% dos inquiridos em ambas as regiões) do que nos Estados Unidos (75%). Por sua vez, a tecnologia e comunicações foram consideradas mais importantes na Ásia (93%) em comparação com a Europa (81%) e Estados Unidos (75%). Metade dos inquiridos na Ásia (51%) consideraram o crescimento da população no universo emergente como um aspeto extremamente importante da evolução demográfica para a estratégia de investimento, em comparação com 21% na Europa e 15% nos Estados Unidos.

A diversidade e a igualdade é uma questão extremamente importante para 30% dos investidores norte-americanos, em comparação com 24% dos asiáticos e 17% dos europeus.

Classes de ativos com maior probabilidade de serem beneficiados 

Os investidores institucionais indicaram que as ações (52%), o imobiliário (50%) e as infraestruturas (47%) são as classes de ativos com maior probabilidade de beneficiar de alocações como resultado da evolução demográfica, enquanto para os intermediários, a lista era liderada pelo investimento temático (63%), ações (53%) e infraestrutura (47%). Os resultados mostraram preferências muito semelhantes de alocação em estratégias ativas e passivas nos próximos dez anos em todas as regiões.

Quase 60% dos investidores inquiridos identificaram as alterações demográficas como uma oportunidade de investimento. Por outro lado, 20% consideram um risco. Assim, houve disparidades nas preferências para assumir mais ou menos risco no futuro. Os investidores asiáticos estavam inclinados a reduzir o risco nas suas carteiras (39%), enquanto os seus homólogos nos Estados Unidos e Europa esperam aumentá-lo (17% em ambos os casos).