O resultado do referendo trocou as voltas aos investidores. Alguns estão a reposicionar as suas carteiras. Outros estão a mostrar interesse em determinados produtos. O objetivo, em qualquer caso, é preparar as carteiras para o curto ou médio prazo.
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O resultado do referendo trocou as voltas aos investidores. Alguns estão a reposicionar as suas carteiras. Outros estão a mostrar interesse em determinados produtos. O objetivo, em qualquer caso, é preparar as carteiras para o curto ou médio prazo. Cada gestora está a experienciar de forma diferente esta situação. Na Goldman Sachs AM, por exemplo, estão a detetar uma clara intenção de proteção das carteiras com fundos do mercado monetário. “Existe pouca visibilidade sobre o que pode ocorrer e entrámos no verão, um período em que a liquidez costuma ser menor. É uma reação muito semelhante à que se produziu quando caiu o Lehman Brothers. Perante este cenário, estamos a ver um aumento da procura dos nossos clientes por fundos de liquidez, concretamente pela gama GS Liquid Reserves. Em períodos de incerteza tão elevada, o investidor tem bem clara a ideia de que cash is king”, afirma Lucia Catalán, diretora geral da Goldman Sachs para a Península Ibérica.
Na Fidelity consideram que a boa notícia é que os investidores não entraram em modo pânico. De facto, não estão a verificar uma mudança dramática no posicionamento. Veem um certo movimento em equity para estratégias mais defensivas (dividendos) e produtos da bolsa norte americana, em dólares. Em fixed income, a tendência está a ser de dar um maior protagonismo nas carteiras a fundos em euros que invistam na parte curta da curva. As recomendações da entidade dependem de três cenários. “Para quem quiser parquear o dinheiro e esperar, estratégias de fixed income a curto prazo. Quem opte por assumir mais risco, fixed income flexível e fundos com distribuição de rendimentos, onde as distribuições permitem limitar o impacto de um possível cenário adverso. E quem quiser apostar em ações, fundos com baixo beta e diversificados globalmente”, revela Antonio Salido, diretor de Marketing e Comunicação da gestora.
Na Fidelity, como em outras entidades, também estão a ter muita procura por informação. As solicitações centram-se na exposição dos distintos fundos à libra e a empresas britânicas. No entanto, a exposição geográfica parece, neste caso, menos relevante. Tal como recorda Sasha Evers, diretor geral do BNY Mellon IM para a Península Ibérica, “o Reino Unido tem sido o epicentro do que tem movido o mercado, mas o FTSE 100 foi aguentando melhor do que, por exemplo, os mercados espanhol ou italiano, ao ser um índice que é formado por muitas empresas exportadoras, que se beneficiarão da forte depreciação da libra. Mais relevante, neste caso, é a exposição à libra e qual a exposição das carteiras à depreciação desta divisa”, indica. Por agora, Evers também não detetou um importante reposicionamento das carteiras dos seus clientes. “Os investidores estão a analisar a situação. O mercado está muito volátil e não é altura de tomar decisões no calor do momento. A boa notícia é que esta situação apanhou muitos clientes já com um posicionamento defensivo, adotado depois das turbulências registadas pelos mercados no primeiro trimestre”.
Deste modo, muitos investidores optaram por dar um maior peso na carteira a estratégias de caráter defensivo, entre elas, as de retorno absoluto. Esta tipologia de produtos é aquela que mais estão a recomendar nesta altura, em casas como a J.P.Morgan AM. “Os investidores procuram estratégias descorrelacionadas com os produtos que têm em carteira. A procura de informação neste sentido aumentou . Alguns investidores reduziram o risco nas suas carteiras, ainda que agora, a maioria, esteja em modo wait and see”, revela Lucía Gutiérrez-Mellado, subdiretora de estratégia d J.P.Morgan AM para a Península Ibérica. Em fixed income, na AXA IM verificam uma maior procura por fundos de crédito dos EUA com cobertura de divisa, produtos de fixed income global e obrigações indexadas à inflação, também com cobertura de divisa, que permitem participar na importação da inflação britânica sem sofrer com a queda da libra. São algumas das opções susceptíveis de ser apreciadas, à disposição dos investidores, mas há mais.
Na Amundi veem duas opções alternativas. A primeira é optar por produtos monetários denominados em dólares e fugir do euro. A segunda, tentar utilizar a volatilidade do mercado como uma classe de ativos em si mesma, aproveitando os vaivéns do mercado como fonte de rentabilidade, através de estratégias de volatilidade. “Trata-se de um ativo pouco correlacionado com outras classes de ativos, tal como temos visto nestes dias. Quando as bolsas caem em força, a volatilidade tende a disparar. Assim, uma forma de proteger as carteiras é diversificá-las com um produto de volatilidade. O importante, em todo o caso, é proteger as carteiras para tentar amortecer os choques perante as condições de incerteza, com estratégias que ofereçam descorrelação ou uma baixa correlação real”, concluem.