Quebras e recuperações: A narrativa do BPI Universal em 2020

Vera Canêlo noticia
Foto cedida

O ano de 2020 comprovou que a estratégia seguida por Vera Canêlo na gestão do BPI Universal foi  eficaz. Este fundo da BPI Gestão de Ativos liderou o ranking dos fundos nacionais de allocation em duas métricas - maior retorno absoluto e maior retorno por unidade de risco. Traduzido em números, esta liderança significou o alcance de 9,96% de retorno em 2020 e 0,76% de rentabilidade por unidade de risco no mesmo período – nesta segunda métrica, o produto encontra-se claramente destacado dos demais. Na sua base, “o BPI Universal é um fundo de fundos misto, que investe em fundos de investimento harmonizados e geridos por sociedades gestoras internacionais”, começa por destacar a gestora. Mas o que está por detrás do seu sucesso?

A escolha “mista” – entre ações e obrigações - que os fundos allocation oferecem, revelou-se uma opção primária entre alguns investidores em 2020 devido à flexibilidade que proporciona. Na mesma linha, o BPI Universal, segue uma estratégia de investimento com “uma perspetiva global, o que significa que o fundo pode investir num universo muito diversificado de classes de ativos (ações, obrigações, matérias-primas), setores, temas e áreas geográficas, desenvolvidas e emergentes”, aborda Vera Canêlo. Na essência desta estratégia, está uma filosofia de investimento de momentum ou trend following, que consiste em investir nas classes de ativos que apresentam maior tendência de subida, o que leva a que estratégia seja muito dinâmica e flexível. A gestora faz questão de destacar que estas estratégias “têm sido amplamente suportadas por estudos académicos e de profissionais que evidenciam que as tendências nos mercados financeiros persistem durante algum tempo, devido a anomalias e ineficiências de mercado e a enviesamentos comportamentais por parte dos investidores”. Assim, numa conjuntura de elevada volatilidade como a vivida em 2020, a filosofia seguida pela profissional permitiu “uma rápida adaptação a diferentes condições de mercado, apresentando resultados consistentes em conjunturas macroeconómicas distintas”, expõe.

E qual é o processo de investimento?

“A estratégia utiliza um processo de investimento determinístico, o que significa que a alocação de ativos é definida com base em modelos quantitativos de momentum desenvolvidos internamente, que visam identificar tendências fortes e persistentes de entre um conjunto diversificado de classes de ativos”, começa por explicar a gestora do fundo. Mas que vantagens proporciona a utilização de modelos quantitativos? “Torna o processo de investimento sistemático e disciplinado e evita decisões emocionais, nomeadamente em períodos de grande volatilidade nos mercados financeiros”, explicita.

Entretanto, a seleção das classes de ativos dos modelos obedece a dois critérios principais: baixa correlação e elevada liquidez. Assim, o processo de investimento do BPI Universal é constituído por duas fases: “a seleção das classes através dos modelos quantitativos e a seleção dos instrumentos mais eficientes para refletir o posicionamento”, refere Vera Canêlo.

Os fatores ESG - cada vez mais importantes no seio dos investidores profissionais – estão presentes no BPI Universal, fazendo assim jus à política que a BPI GA segue nesta matéria. Sinteticamente, a gestora aborda que o BPI Universal “investe em fundos geridos por sociedades gestoras que se comprometeram com objetivos de sustentabilidade e investimento responsável como o UNPRI e estão sujeitas a uma avaliação da performance ESG”. A profissional acrescenta ainda que “relativamente a fundos ESG vamos continuar a avaliar estes instrumentos e a adicioná-los à carteira à medida que forem cumprindo os nossos critérios de análise”.

O desempenho do BPI Universal

Tal como ocorreu na generalidade dos fundos de investimento, no primeiro trimestre do ano, também este produto sofreu com as fortes desvalorizações da generalidade dos mercados acionistas. “Durante este período o fundo chegou a apresentar uma rentabilidade negativa de cerca de -16% no ano, que compara com cerca de -30% registados pelas ações globais (euro hedged)”, coloca a profissional.

A gestora justifica que à medida que foram sendo anunciadas medidas de estímulo à economia por parte de Governos e Bancos Centrais, “os mercados acionistas iniciaram uma forte recuperação, que foi acompanhada pelo fundo. Assim, o fundo encerrou o ano com uma rentabilidade de cerca de 10%”.

As ações foram o principal motor da boa performance do BPI Universal, tal como expectável devido ao desempenho desta classe de ativos em 2020. “Nesta classe destacou-se a contribuição das ações de mercados emergentes, que beneficiaram sobretudo do bom desempenho região asiática, devido à melhor capacidade demonstrada na contenção e combate da pandemia. De referir ainda a contribuição favorável dos sectores de IT e robotics”, apresenta. Por outro lado, “pela negativa, estiveram as ações europeias, que registaram um contributo negativo”, acrescenta. 

Todavia, a classe obrigacionista não deixou de contribuir para a boa performance do fundo. Nesta componente, as obrigações convertíveis foram o principal motor.

Adaptações e alterações

Relativamente às alterações que foram feitas na carteira ao longo do ano, Vera Canêlo diz que devido aos diferentes cenários e condições de mercado que se verificaram em 2020, as alterações no BPI Universal tiveram sempre o objetivo de adaptação da carteira. Neste sentido, “durante o primeiro trimestre, nomeadamente no mês de fevereiro, verificou-se uma redução significativa da exposição a ações, em particular de mercados emergentes. A exposição a ações passou a estar concentrada sobretudo na Europa e nos EUA. Em contrapartida aumentou-se a alocação a obrigações, sobretudo a dívida de governos europeus e americano”, justifica a gestora.

Esta postura defensiva manteve-se até maio, altura a partir da qual a exposição a ações foi aumentando progressivamente, com destaque para as ações de mercados emergentes. Na componente obrigacionista reduziu-se significativamente a alocação a dívida pública e investiu-se em obrigações convertíveis. Em termos sectoriais destacou-se, no segundo semestre do ano, a presença constante no portfolio dos sectores de IT e Robotics”, coloca.

Aposta na classe de obrigações convertíveis

Os movimentos executados no sentido de ir buscar rentabilidades às classes de fixed income são, no atual cenário macroeconómico, muito pertinentes. Vera Canêlo aborda o tema ao referir que “o movimento mais relevante foi a aposta na classe de obrigações convertíveis que, devido à correlação significativa que apresenta com os mercados acionistas, obteve excelentes resultados, principalmente durante a segunda metade do ano”. Adicionalmente e a finalizar, o investimento em dívida corporate “permitiu que o fundo beneficiasse do forte estreitamento de spreads que se verificou a partir do mês de abril”, conclui.