Em 2020, a região da Ásia-Pacífico foi a responsável por 52% das emissões mundiais de C02 relacionadas com energia. Isto está em linha com a sua proporção da população mundial. No entanto, a sua taxa de descarbonização foi de 0,9%, muito abaixo da média mundial de 2,5%. Este lento avanço deve-se ao facto da descarbonização dos mercados emergentes da Ásia enfrentar uma série de obstáculos. Entre eles: a dependência energética dos combustíveis fósseis (especialmente do carvão) e o contínuo crescimento da população, a urbanização e a industrialização.
A região enfrenta também barreiras institucionais, como o acesso restrito a soluções de financiamento verde, a cooperação limitada entre os setores público e privado, e enquadramentos e práticas deficientes que influenciam os objetivos de emissões e a recolha de dados. Além disso, em alguns mercados o Estado mantém um controlo apertado sobre a economia. Está mesmo a acontecer em alguns dos setores que deveriam estar na vanguarda da trajetória de descarbonização. E, portanto, pode influenciar o ritmo da transição.
A tudo isto acrescenta-se o facto de as regiões continuarem a recuperar da pandemia COVID-19, que abrandou a construção de numerosos projetos de energias renováveis. Por exemplo, o número de novas instalações solares fotovoltaicas em Singapura caiu 52,1% em 2020 face ao ano anterior. As soluções de financiamento das iniciativas contra as alterações climáticas, devem andar de mão dada com as políticas dos Estados para contribuir para a descarbonização das economias.
A este respeito, a Janus Henderson apresentou o seu relatório Investors Descarbonization in Emerging Markets – Perspetives and Insights from Asia. No documento avalia os esforços de descarbonização que os mercados emergentes enfrentam na Ásia com base em três parâmetros: as energias renováveis como percentagem do cabaz energético total, as datas previstas para a consecução da neutralidade carbónica e, no que diz respeito aos mercados financeiros, a emissão de obrigações climáticas como percentagem da emissão total de obrigações.
Emissões de green bonds no mundo emergente
Como explicam, o mercado internacional de obrigações climáticas atingiu um bilião de dólares em 2021. A emissão anual de green bonds globais ultrapassou pela primeira vez meio bilião de dólares, chegando aos 522.700 milhões de dólares, sendo estes títulos as emissões preferenciais para o pequeno grupo de mercados emergentes da Ásia que se comprometeram a financiar iniciativas em termos de alterações climáticas.
Em 2021, a região Ásia-Pacífico foi a que mais cresceu em emissões de obrigações verdes em todo o mundo. Fê-lo impulsionado por um pequeno número de países. Globalmente, a região colocou 124.530 milhões de dólares em obrigações verdes em 2021, um aumento de 128%. No entanto, a China foi o principal emitente de obrigações verdes. A sua contribuição foi de 66.090 milhões de dólares, 4,5 vezes mais do que o montante emitido pelo segundo maior emitente.
Na Ásia, as empresas não financeiras foram os principais emitentes de obrigações verdes em 2021. Este facto está em linha com o panorama global das emissões de obrigações verdes, embora as emitidas pelos Estados tenham aumentado nos últimos cinco anos, uma vez que em 2021 os países emitiram 6,83% das obrigações verdes, contra 2,08% no ano anterior.