A PIMCO reuniu em Londres três das suas vozes de referência, Richard Clarida, Konstantin Veit e Stephen Chang, que apresentaram as suas perspetivas sobre os bancos centrais para os próximos meses.
O ciclo de endurecimento monetário mais agressivo da história recente deixa os investidores com algumas reflexões sobre os últimos 12 meses nos mercados. Quando a Reserva Federal mudou o tom do seu discurso no verão de 2022, com Jerome Powell a apresentar a sua própria versão do Whatever it takes de Mario Draghi, poucos poderiam imaginar a velocidade e a dimensão que as taxas de juro iriam atingir. Mas mesmo prevendo os níveis que teriam de atingir, o que mais surpreendeu o consenso foi a forma como a economia se tem aguentado sob esta pressão.
Um dos que se juntam à lista dos surpreendidos com a resiliência dos Estados Unidos é Richard Clarida, conselheiro económico da PIMCO e vice-presidente da Fed até janeiro de 2022. E acrescenta um segundo fenómeno notável: a rapidez com que o IPC está a cair nos EUA. “Segundo as atuais previsões, terminaremos o ano em cerca de 3%”, afirma.
Apesar das suas perspetivas favoráveis, Richard Clarida, uma das vozes de referência sobre política monetária dentro da PIMCO e na indústria em geral, destaca três questões. Em primeiro lugar, considera que as probabilidades de uma recessão, pelo menos moderada, são maiores do que o mercado está a descontar. Em segundo, que ainda existe o risco de que a inflação acabe por ser mais sticky.
E, em terceiro lugar, que a economia norte-americana está a mostrar com atraso o verdadeiro impacto das subidas de taxas. “Neste ciclo, estamos com um atraso de dois pontos. Em 2020 e 2022. A economia recebeu muito estímulo fiscal, mas com atraso. O desafio continua a ser a inflação salarial de 4-6%”, afirma.
BCE atinge velocidade de cruzeiro com o apoio da China
Do outro lado do Atlântico, Konstantin Veit, gestor de Carteiras na PIMCO, afirma que o BCE também atingiu a sua altitude de cruzeiro. “A grande pergunta é por quanto tempo as taxas se manterão nesse nível”, refere. Na sua opinião, ainda vê o BCE preocupado com a componente global da inflação na Europa. “A inflação continua sticky e a ser monitorizada, mas também está a mostrar sinais de moderação”, reconhece.
A Ásia, espera um cenário muito diferente. Enquanto o Japão está a debater o fim da fixação das yields das obrigações governamentais japonesas em 0%, da China esperam-se estímulos monetários. “O PBOC está atualmente em modo de apoio, não de estímulo”, interpreta Stephen Chang. Mas o gestor de carteiras considera o banco central chinês mais ativo. “Terão de manter as taxas acomodatícias. E ainda esperamos cortes de taxas e liquidez no sistema”, prevê.