Renault: o rumor que agitou o mercado

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AlexandraDeleuBaillon, Flickr, Creative Commons

O mês de setembro tem trazido algumas más noticias ao longo dos últimos anos. Desde logo a falência da Lehman Brothers em 2008 e mais recentemente, no ano passado, a crise da Volkswagen, que trouxe a público um escândalo de adulteração de dados no que toca aos motores diesel de alguns modelos da marca vendidos em solo norte-americano

Precisamente este escândalo com a fabricante alemã fez com que nos últimos dias os rumores sobre a francesa Renault se tornem, de certa forma, mais “empolados”.  A notícia de que a construtora automóvel francesa estava a ser alvo de buscas pelos investigadores franceses anti-fraude depressa correu mundo e arrastou consigo as cotações do gigante francês. No dia 14 de janeiro a cotação da empresa fechou a cair 10%, depois de ter atingido uma queda de 22% durante o dia.

Como será que os gestores nacionais viram os rumores e as mexidas em bolsa da cotada francesa?

Os últimos dados da Morningstar mostram que existiam quinze produtos nacionais que detinham exposição à Renault, no final dos últimos dois meses (ver tabela no final). O fundo CA Acções Europa, gerido pela CA Gest, era um dos produtos que no final de novembro tinham em carteira uma exposição à Renault de cerca de 2%. Contactado pela Funds People Portugal, Fernando Nascimento refere que “o investimento foi reduzido para metade nos minutos seguintes à noticia que dava conta da visita dos investigadores anti-fraude à Renault”. A opção de manter parte do investimento na fabricante francesa justifica-se pelo facto de existir uma evidente distinção entre “o caso da Renault e o caso da Volkswagen”. “No caso da construtora alemã houve uma fraude confirmada pela empresa, enquanto no caso da Renault se tratou apenas da notícia de um raide às instalações da empresa. Não foi confirmada qualquer utilização de mecanismos fraudulentos por parte da construtora”, refere.

Já sobre a alocação ao sector automóvel, o profissional da CA Gest sublinha que depois do escândalo na Volkswagen reduziram “significativamente a exposição ao sector auto, que ficou praticamente concentrada em Renault, onde identificávamos valor fundamental”, pelo que estas notícias e consequente queda da cotação constituíram “uma enorme decepção”.

Opinião partilhada por José Barroso, gestor do Popular Acções da Popular Gestão de Activos. O profissional refere que mantiveram a posição “porque apesar da circunstância ter sido colada à Volkswagen, aparentemente a situação é muito distinta, já que o que se descobriu foi apenas uma ligeira diferença entre os testes realizados em fábrica e em estrada”. No entanto, a cautela e a atenção vão dominar os próximos tempos. “Estamos atentos, mas acreditamos que é um caso que nada tem a ver com o que se passou com a Volkswagen. Além disso, é expectável que estes rumores continuem a surgir, sobretudo devido a uma maior atenção das autoridade competentes”, conclui o gestor da Popular Gestão de Activos.

Os fundos nacionais com a Renault em carteira