A BNP Paribas Asset Management consolidou-se como um dos principais intervenientes no setor de ETF na Europa, gerindo uma ampla gama de produtos, tanto em gestão indexada como em estratégias sistemáticas e quantitativas. Com mais de 20 anos de experiência na gestão de ETF, a empresa tem vindo a evoluir a sua oferta para responder às crescentes exigências do mercado, combinando inovação, eficiência e sustentabilidade.
O setor de ETF está em plena expansão e espera-se que duplique de tamanho nos próximos cinco anos. Robinson Rouchie, CIO de Investimentos Sistemáticos e Quantitativos na BNP Paribas Asset Management, e Pedro Santuy, diretor de Vendas e Indexados para a Península Ibérica, analisam as tendências do mercado e os aspetos mais relevantes da evolução do setor. Entre os principais pontos abordados na discussão estão:
- O crescimento dos ETF de obrigações, um segmento que está a ganhar destaque face ao tradicional domínio das ações, com novos lançamentos alinhados com os critérios do Paris Aligned Benchmark (PAB).
- O uso de seed money nos novos ETF, garantindo a sua viabilidade inicial e facilitando o seu crescimento no mercado.
- Ajuste do tracking error, um fator crucial para oferecer produtos sustentáveis sem grandes desvios face aos índices de referência tradicionais.
- O crescimento dos ETF ativos, ainda numa fase inicial na Europa, mas com um forte potencial de expansão nos próximos anos.
- Transparência e uso de ferramentas avançadas, incluindo inteligência artificial, para melhorar a eficiência e a gestão de riscos na oferta de ETF.
Expansão acelerada dos ETF e mudanças na gestão
A BNP Paribas Asset Management gere atualmente 703 mil milhões de euros em ativos sob gestão e assessoria, dos quais 80 mil milhões pertencem à sua divisão de Investimentos Sistemáticos e Quantitativos (SQI), liderada por Robinson Rouchie. Dentro desta unidade, os ETF e a gestão indexada representam a maior parte, com 56,4 mil milhões de euros em ativos.
Segundo Rouchie, o mercado de ETF está a crescer rapidamente, com fluxos de entrada anuais entre 10 e 15 mil milhões de euros. Este crescimento levou a BNP Paribas AM a expandir a sua oferta de produtos, mantendo um equilíbrio entre gestão ativa e passiva. "A integração de estratégias ativas e passivas permite-nos oferecer soluções flexíveis e adaptadas às necessidades dos nossos clientes", destaca Rouchie.
Inovação em ETF: sustentabilidade e eficiência
A BNP Paribas AM tem liderado a inovação no setor de ETF sustentáveis. "Fomos pioneiros no desenvolvimento de ETF ESG, com um forte compromisso na redução da pegada de carbono das nossas carteiras de investimento", afirma Rouchie. Atualmente, 90% dos ETF da BNP Paribas AM cumprem os critérios dos Artigos 8 ou 9 do Regulamento de Divulgação Financeira Sustentável (SFDR), o que diferencia a gestora dos seus concorrentes.
Um dos principais desafios tem sido equilibrar a integração dos critérios ESG com a minimização do tracking error. "Os clientes querem investir de forma sustentável, mas sem grandes desvios na rentabilidade face aos índices tradicionais", explica Pedro Santuy.
Para responder a esta necessidade, a BNP Paribas AM desenvolveu uma família de ETF ESG ativos, que minimizam a divergência em relação aos índices de referência sem comprometer os objetivos ESG. "Os investidores exigem mais transparência na construção dos produtos e no seu impacto. Para isso, temos integrado análises avançadas e modelos de inteligência artificial na tomada de decisões", acrescenta Santuy.

A evolução dos ETF temáticos e a procura dos investidores
Nos últimos anos, os ETF temáticos ganharam destaque, embora em 2023 tenham registado uma desaceleração devido ao crescimento das grandes tecnológicas conhecidas como as Sete Magníficas. No entanto, Robinson Rouchie acredita que a procura por produtos temáticos continua forte, mas agora com um foco mais estruturado em tendências de longo prazo. O conceito de temática está a evoluir para um modelo baseado em tendências seculares mais amplas.
Por outro lado, o apetite por ETF de obrigações também está a aumentar. Historicamente, 75% do mercado de ETF estava concentrado em ações, mas as obrigações estão a ganhar relevância. Os ETF de obrigações sustentáveis apresentam um tracking error significativamente mais baixo do que os ETF de ações, tornando-se particularmente atrativos para investidores institucionais. Além disso, os novos lançamentos neste segmento foram concebidos segundo os princípios do Paris Aligned Benchmark (PAB), reforçando a sua adesão aos objetivos climáticos globais.
O crescimento dos ETF ativos
Outra tendência em crescimento é a dos ETF ativos, que na Europa ainda representam um segmento relativamente pequeno, com cerca de 60 mil milhões de euros num mercado total de dois biliões de euros, mas com um elevado potencial de crescimento. Nos EUA, os ETF ativos têm crescido rapidamente nos últimos anos, e a expectativa é que uma evolução semelhante aconteça na Europa.
A BNP Paribas AM foi uma das primeiras gestoras a lançar ETF ESG com gestão ativa, apostando numa abordagem que combina gestão tradicional e gestão indexada. O principal desafio do mercado de ETF ativos é encontrar um equilíbrio entre geração de alfa e eficiência de custos dentro da sua estrutura.