Setembro vai ser um mês chave para os mercados monetários

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Paul Drinkwater Photography, Flickr, Creative Commons

Até há bem pouco tempo, todos os analistas indicavam que o dólar só poderia mover-se numa direcção: a de crescimento. Por isso, as recentes quedas apanharam muitos investidores de surpresa. Para Mansoor Mohi-uddin, responsável de estratégia de divisas da UBS em Singapura "a debilidade deve-se aos volumes de negociação menores no verão, às boas notícias sobre a China, Reino Unido e Zona Euro, com os investidores à espera da reunião de Setembro da Reserva Federal".

Segundo o especialista numa entrevista recente "na UBS acreditamos que o Fed vai começar a limitar as suas compras de activos em setembro, o que vai elevar o dólar. Em primeiro lugar, os dados macroeconómicos vão apoiar um movimento deste género e, em segundo lugar, o FOMC (Comité de operações de mercado aberto) vai “oferecer” as suas previsões económicas na próxima reunião, e, se forem positivas, poderá justificar-se a redução das medidas de estímulo."

Quanto ao debate aberto sobre a sucessão de Ben Bernanke à frente da Fed, Mohi-uddin explica que "a opinião geral é de que a nomeação de Larry Summers será mais positiva para o dólar, porque tem sido mais céptico sobre o programa de expansão quantitativa (o que nos leva a pensar que aplicaria uma política monetária mais restritiva), mas a verdade é que Janet Yellen está entre os membros 'dovish' do FOMC, tornando-se mais fácil do que qualquer outro candidato a adoptar uma política monetária mais 'hawkish'.

No Reino Unido, tudo aponta para uma desvalorização a curto prazo da libra. "Apesar de o Banco de Inglaterra (BoE), com o seu novo governador, ter deixado claro que não vai aumentar as taxas de juro até que a taxa de desemprego caia pelo menos abaixo de 7%, e até que a economia melhore substancialmente, acreditamos que o mercado subestima a determinação do banco central de manter as taxas de juro em níveis baixos por mais tempo. Por isso achamos que a libra está a ser sobrevalorizada", diz Mohi-uddin.

No Japão, a incerteza sobre se o primeiro-ministro Shinzo Abe acabará por aplicar o aumento previsto do imposto sobre o consumo foi sentida no encontro entre o dólar e o yen. "Depois de conhecer os dados do PIB do segundo trimestre, que têm sido mais fracos do que o esperado, alguns membros do governo japonês fizeram declarações contra o aumento de impostos, mas o ministro da Economia japonês reafirma a sua intenção de aplicar esse imposto. Perante esta situação, não acreditamos que o Nikkei e o yen avancem significativamente até se saber a decisão final, que provavelmente só será adoptada no final de Setembro", diz o especialista da UBS.

Em relação ao dólar australiano, que tem registado fortes quedas em relação ao dólar dos EUA nos últimos meses, Mohi-uddin diz que se vai manter a tendência de queda, já que a desvalorização é necessária para a recuperação da economia australiana. Os investidores também estão a aguardar a próxima eleição geral que se realiza no início de setembro. "A incerteza política afecta sempre a evolução da divisa, mas acreditamos que o que realmente importa é a evolução dos dados económicos".