Sinais que ajudam a identificar quais os fundos que se comportarão melhor no futuro e sinais que podem induzir em erro

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Michele M. F., Flickr, Creative Commons

Na Europa, atualmente, são comercializados aproximadamente 32.000 fundos de investimento. Para colocar uma ordem nesta ampla oferta e auxiliar os investidores no momento de seleção do produto no qual vão investir, várias empresas de análise levam a cabo uma árdua tarefa de análise e valorização dos fundos. Existem ferramentas de todo o tipo que falam sobre a qualidade dos distintos produtos. Provavelmente a mais conhecida pelos investidores, tanto particulares como profissionais, é o rating de estrelas Morningstar, uma qualificação quantitativa baseada em cálculos de rentabilidade e risco anteriores, na qual não intervém qualquer factor subjetivo ou qualitativo no processo de valorização do fundo. O poder e a influência que estes ratings exercem nos fluxos dos fundos é não só pública como notória. Quantas mais estrelas Morningstar tem um produto, maior é a probabilidade de que entre dinheiro e vice-versa.

Isto sucede ano após ano. Em 2016, os fundos com quatro e cinco estrelas Morningstar registaram entradas líquidas de dinheiro, enquanto que os produtos com uma, duas ou três estrelas sofreram resgates. Os primeiros captaram um total de quase 350.000 milhões de dólares, enquanto que nos segundos foram resgatados perto de 381.000 milhões. Comparando a percentagem total de ativos que representam os fundos com avaliação mais alta face aos de uma, duas ou três estrelas observa-se que os primeiros acumularam 13,6 biliões de dólares (44% do total), mais do que os 8 biliões acumulados pelo segundo grupo (26%). Isto significa que: no momento de compra de um fundo, os investidores preferem cada vez mais apostar em estratégias cujos gestores tenham levado a cabo uma boa gestão no passado. Não obstante, é necessário ter em conta que isto não serve como garantia para um bom desempenho no futuro.

As estrelas Morningstar podem servir de primeiro passo para comparar fundos dentro da mesma categoria, mas não é um indicador de bom desempenho no futuro. Na verdade, este rating não é um bom indicador da rentabilidade futura. “Eleger um fundo cinco estrelas não garante que o produto terá um melhor comportamento do que a média da sua categoria no futuro”, reconhece Fernando Luque. O diretor financeiro da Morningstar fornece um gráfico de exemplo no qual analisa o comportamento dos fundos de ações da Zona Euro distribuídos pela Europa, classificando-os segundo o rating a cinco anos que detinham no final de abril de 2012. Muitos poderão ser surpreendidos pelos resultados: os fundos que naquela altura detinham cinco estrelas foram os que registaram piores resultados.

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Significará isto que os ratings de estrelas pouco ou nada significam? Luque esclarece que não. “Em primeiro lugar, serve para analisar o resultado obtido por um determinado gestor ao longo dos últimos meses e últimos anos. Em segundo lugar, é também uma ferramenta que ajuda a identificar fundos que tenham registado no passado um comportamento muito abaixo dos restantes concorrentes. O facto de que um fundo obtenha sistematicamente o rating mais baixo ao longo dos anos pode ser um sintoma da existência de algum problema, por exemplo, uma má gestão ou comissões excessivamente altas”, revela o profissional. Assim, o aspeto mais importante que um investidor deve ter em conta é que comprar um fundo cinco estrelas não é garantia de coisa nenhuma. Se aquilo que se procura são sinais que permitam analisar de forma prospetiva o comportamento de um fundo face aos seus concorrentes, deve-se basear numa série de outros sinais, como é o caso dos Analyst Rating da Morningstar.

Neste caso, trata-se de um rating, em grande parte, qualitativo. “O bom desempenho futuro de um fundo dependerá não só da capacidade deste de superar os seus rivais em momentos passados, mas também da consistência do processo de investimento. Para além destes, factores como a estabilidade da equipa do gestor, do quão alinhados estão os interesses da entidade gestora com os interesses dos seus participantes ou dos gastos totais cobrados aos investidores são também fulcrais para o bom comportamento futuro de um fundo. Estes são alguns dos factores que a equipa de análise de fundos da Morningstar tem em conta na atribuição das suas medalhas (Gold, Silver, Bronze, Neutral ou Negative) aos fundos analisados”, explica o diretor financeiro da Morningstar.

Mas terá esta análise qualitativa proporcionado resultados satisfatórios aos investidores na altura de antecipar o comportamento dos fundos? Dos quase 2.000 fundos analisados de acordo com o rating qualitativo, a equipa de análise calculou o alfa médio anualizado face aos seus concorrentes em períodos de cinco anos, entre março de 2002 e março de 2017. Os resultados são conclusivos: fundos com rating positivo (especialmente aqueles que obtêm a medalha “Gold”) registaram melhores resultados que os fundos com um rating “Negative” ou “Neutral”.

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