Depois de um segundo trimestre do ano marcado pela intervenção do BCE no sentido de manter e reforçar um ambiente financeiro acomodatício na Zona Euro, é chegada a altura das gestoras internacionais traçarem as suas perspetivas para o terceiro trimestre de 2014, mas também para os restantes meses do ano.
“A recuperação está a ser primeiramente liderada pelas economias desenvolvidas – EUA e Europa – enquanto as economias emergentes experienciam uma modesta melhoria”, começa por escrever a britânica Schroders, no seu “Global Market Perspective”, que apresenta as perspetivas económicas e de alocação de ativos da entidade. No que diz respeito à atividade dos maiores bancos centrais, uma coisa é quase certa para a empresa: “espera-se que mantenham as taxas de juro baixas durante o resto do ano”.
Taxas de juro e deflação na Europa
Do lado da Fed, realçam que o tapering deverá estar concluído em meados de outubro, prevendo-se consequentemente a subida da taxa de juro no país em junho de 2015, enquanto o Banco de Inglaterra assumirá o incremento das taxas em fevereiro de 2015. Da Zona Euro, preveem que as condições monetárias continuem a ser acomodatícias, com o BCE a conceder operações de cedência de liquidez por prazo alargado (TLTRO, Targeted Long Term Refinancing operations).
O Deutsche Asset & Wealth Management, num documento denominado de “Central Bank Policy”, que contempla a visão do CIO da entidade, indica que a ascensão económica está a ser liderada primeiramente pelos EUA, seguindo-se o Japão e a Zona Euro. Num cenário mais alargado, da gestora dizem acreditar que na Europa o risco de deflação, definido numa base ampla de declínio de preços e salários, é baixo”. Contudo, se este risco se chegar a materializar, “o BCE irá lançar um programa de compra de ativos alargado para os títulos soberanos”.
Também da J.P. Morgan Asset Management, nas suas perspetivas para o quarto trimestre, alertam para a problemática da deflação. “A Zona Euro continua a lutar com baixos níveis de inflação, tendo o BCE anunciado novas medidas no início de junho para suportar a economia de forma a manter as taxas de juro de curto e longo prazo bem ancoradas”, indicam.
Ações: ainda as preferidas
Ao nível da alocação de ativos, a Schroders avança que as ações continuam a estar no topo das preferências, “ainda que as suas valorizações pareçam, na generalidade, menos convincentes depois de um período de forte performance”. Neste domínio, a gestora continua a favorecer as ações norte-americanas, confiando que a “recuperação doméstica irá prosseguir, beneficiando as empresas ao nível do crescimento dos lucros”. Nas ações europeias a entidade diminuiu um degrau na avaliação destes ativos, passando a estar neutral, numa altura em que “o mercado está a negociar com ganhos robustos”.
O Deutsche Asset &Wealth Management, por sua vez, define a sua carteira core com 45,9% de alocação a ações, e 42,7% a obrigações. Ao nível das ações a entidade sublinha igualmente seu positivismo, evidenciando também que “apesar das valorizações pareçam bastante elevadas, há ainda uma série de factores que podem conduzir os mercados a um nível superior”, dizem, reforçando que continuam a “preferir as ações às obrigações”, e “os mercados desenvolvidos em detrimento dos emergentes”
O “mito” das altas taxas de juro
Da mesma forma, a J.P. Morgan AM dá sinal positivo às ações para o resto do ano. A gestora indica que, ao contrário do que se pensa, um possível aumento das taxas de juro nem sempre é prejudicial para o mercado bolsista. Da entidade sublinham que “as ações irão estar irregulares e os seus ganhos mais moderados”, mas a correlação histórica entre os preços das ações e os movimentos das taxas de juro demonstra que por vezes “as bolsas têm boas performances se as taxas de juro crescerem a partir de níveis muito baixos”.