"Temos sentido um crescimento muito forte da indústria de gestão de ativos, em Portugal"

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Cedida

A BlackRock inclui o mercado português no seu radar de vendas há mais de uma década. A nível institucional a entidade sempre disponibilizou tanto produtos de  gestão ativa como passiva, muito embora estes últimos tenham sido apenas há cerca de dois anos registados e disponibilizados ao segmento do retalho no nosso país. "Somos um dos líderes de mercado em Portugal", afirma André Themudo.

O profissional português está na entidade desde 2011, sendo um dos elementos sénior da equipa de vendas para Portugal e Espanha. Em conjunto com Aitor Jauregui, são os responsáveis pela venda de toda gama de produto da BlackRock para o mercado nacional (BlackRock para a gestão ativa e iShares para gestão passiva).

Outlook positivo para os vários segmentos

Quando a conversa ruma a captações, os adjetivos são praticamente todos positivos. André Themudo refere que "temos sentido um crescimento muito forte da indústria de gestão de ativos, especialmente no segmento do retalho, onde o pequeno aforrador procura nos fundos de investimento uma alternativa/solução ao atual contexto de baixas remunerações nas aplicações mais convencionais". A par disso, o profissional crê que "os clientes começam a ter cada vez mais consciência da importância e necessidade de poupança para o futuro e de que o veículo fundo faz mais sentido". Entre os clientes institucionais, André sublinha que se tem verificado "um aumento do uso de fundos, tanto gestão ativa como passiva, nas carteiras de gestão discricionária não só por parte de bancos estrangeiros presentes em Portugal como de instituições financeiras nacionais". Acrescenta ainda que a regulação europeia iminente (MiFID II e RDR) impõe cenários mais favoráveis a esta indústria pela transparência inerente à implementação destas diretivas.

Conceito de segurança: antes e hoje

Portugal é tradicionalmente um país de investidores conservadores que preferem preservar o capital. Contudo, os tempos obrigam a alterações de hábitos e os conceitos de investimento têm sofrido uma evolução sem precedentes. "O conceito de segurança antes e hoje é substancialmente diferente. Os instrumentos de liquidez mais conhecidos (depósitos e fundos de mercado monetário) não remuneram como no passado. No investimento em obrigações soberanas, durante vários anos conhecidas como ativos refúgio, existe uma perda de dinheiro quando descontados os valores de inflação numa lógica de longo prazo", explica concluindo que "a diversificação e a busca de soluções alternativas estão na ordem do dia".

André Themudo lembra ainda um estudo da BlackRock onde se analisa o retorno das obrigações entre 1999 e o momento presente e no qual se incluíram 10 sub-segmentos desta classe de ativos. Constata-se que em 2007 todos esses segmentos ofereciam yields na ordem dos 4%. Oito anos volvidos, apenas encontramos esses valores de remuneração nos segmentos de dívida emergente e high yield.

A procura por yields atrativas em todo o universo obrigacionista transformou a percepção de gestão nesta classe de ativos, tornando-a mais flexível, global, sem restrições e muito focada na duração dos títulos selecionados. É esta a razão pela qual da gestora veem positivamente os fluxos de entrada nesta 'região' de investimento.

"Nos fundos de gestão ativa, observa-se um incremento do uso de alternativos, porque descorrelacionados com os tradicionais mercados de ações e obrigações. Quando a opção é apenas beta, a indústria de ETFs ganha protagonismo", assume. Por último aponta o crescimento interessante dos produtos UCITS de retorno absoluto, que enquanto UCITS providenciam liquidez diária ou semanal. Além disso, não deixa de mencionar os fundos mistos e os multi-asset com distribuição de rendimentos como produtos cada vez mais populares, especialmente entre os investidores de retalho, e numa perspetivas de poupança para a reforma. Daí que considere que a distribuição de rendimentos é um tema que ainda vai dar muito que falar.

Themudo conclui realçando o papel da planificação e consultoria financeira como forma de educar os investidores e prepará-los para cenários diferentes e mais desafiantes que, pelo facto de poderem ser mais sofisticados, exigem mais informação, conhecimento e suporte na tomada de decisão.