Tendências marcadas nas carteiras dos fundos nacionais

Balança
Procsilas Moscas, Flickr, Creative Commons

A análise do detalhe das carteiras agregadas dos fundos nacionais mostram algumas tendências relevantes e significativas, não só no último ano (com referência a 30 de setembro), como face ao final do semestre. Estas permitem aferir do posicionamento dos investidores em fundos nacionais nos dias que antecederam um trimestre negativo para os mercados de ações e para o petróleo num ano difícil para a maioria dos investidores e profissionais de investimento.

No agregado de todos os fundos de investimento nacionais, as tendências mais marcadas, tanto no ano como no trimestre passaram por uma redução agressiva no valor do investimento em valores mobiliários cotados nacionais, em favor de valores de outros países europeus e de outras regiões do globo. Também as participações em UPs de fundos nacionais mostram uma variação marcada em ambos os períodos da análise, um movimento que se tem observado há algum tempo e que favorece a rubrica de unidades de participação estrangeiras. Esta última rubrica atinge já os 2.859 milhões de euros, muito embora o terceiro trimestre tenha representado uma quebra de 2,9% do valor face ao fecho do semestre. De realçar também a descida progressiva da posição em liquidez (quebra de 23,6% no ano e de 12,6% no trimestre).

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Entrando nas diferentes categorias específicas em detalhe, vemos que o agregado dos fundos de ações mudou um pouco o mix de ativos que o compõe. Novamente evidente está a quebra da posição em ações cotadas nacionais em favor, principalmente, de ações de fora da União Europeia, o que deixa antever um mau timing por parte dos investidores que decidiram, durante o verão, realizar esta decisão de alocação. A rubrica de valores mobiliários de países terceiros cresceu de um peso de 39,4% no total para 45,3%.

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Nos fundos de obrigações, embora os valores absolutos mostrem variações significativas em ambos os períodos de análise, os pesos das principais categorias no agregado das carteiras não variaram em grande medida. É evidente aqui o crescimento significativo dos ativos entre setembro de 2017 e junho de 2018, mas também a quebra de 4% que se deu desde então.

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Dos fundos PPR, por outro lado, destaque para o aumento do peso dos valores cotados portugueses e da União Europeia, face a setembro do ano passado, bem como uma quebra nos valores cotados de países terceiros, contrariando a tendência global. Neste conjunto de fundos mistos, as UPs de fundos estrangeiros cresceram a um ritmo superior ao dos ativos sob gestão, pesando 20% nas carteiras ao fecho do terceiro trimestre.

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Os fundos flexíveis, pelas características instrínsecas dessa flexibilidade, são os que mostram variações mais marcadas. Por uma lado, é evidente a redução agressiva no investimento direto em valores mobiliários de todas as jurisdições, bem como da rubrica de valores monetários. Já as participações em UPs de fundos nacionais e estrangeiros cresceram significativamente. Os primeiros – rubrica pequena em termos absolutos – cresceram 112% no período de um ano, enquanto que os fundos estrangeiros cresceram 37,8%, aumentando o seu peso para 48,6%, de 38% em setembro de 2017.

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Por fim, os fundos de mercado monetário refletem a tendência para um aumento significativo da presença de valores mobiliários cotados em carteira em detrimento dos valores de natureza monetária, num movimento coerente com a procura por alguma yield para complementar os depósitos num contexto de taxas de curto prazo nulas ou perto de nulas.