Um fundo all weather para o mercado de pequena capitalização americano

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Créditos: Dose Media (Unsplash)

A FundsPeople reuniu com Andrew Smith, analista de portefólio de clientes na Columbia Threadneedle, para perceber como a equipa de gestão comanda o Threadneedle (Lux) - American Smaller Companies. O fundo em questão foi merecedor do Rating FundsPeople 2023 e opera no mercado de empresas americanas de pequena capitalização.

Distingue-se por uma abordagem bottom up fundamental sem qualquer bias setorial ou fatorial. Andrew Smith explica: “Procuramos sempre as ideias com melhor retorno ajustado ao risco. O portefólio é composto por um grupo concentrado de empresas de pequena dimensão sem um particular viés para empresas de crescimento ou empresas value. Na nossa opinião, no longo prazo, vamos gerar mais retorno para os investidores se não estivermos significativamente sobreponderados a qualquer setor ou fator de risco”. O universo investível pode ir de empresas com 500 milhões de euros de capitalização bolsista, a 10 mil milhões, no momento do investimento. Contudo, Andrew Smith revela que encontra “as melhores oportunidades nas empresas com uma capitalização bolsista entre os 2 e os 5 mil milhões de euros”. Abaixo deste valor as empresas tendem a ser demasiado ineficientes ou revelam pouca informação e, acima deste valor, são demasiado escrutinadas pelos analistas.

Quando a equipa olha para uma empresa, pensa num horizonte temporal de três anos. Procuram empresas com perspetivas de “aumentar a sua quota de mercado, aumentar a margem de lucro, aumentar os cash flows e aumentar o retorno no capital investido”. O analista faz uma analogia com o desporto: “Como no futebol americano, o passador não mete a bola onde o jogador que a vai receber está, mas sim onde ele estará quando a bola lá chegar. Tem tudo a ver com a direção que as empresas levam”.

Em termos de sustentabilidade, o fundo classifica-se dentro do artigo 8º da SFDR. “Objetivamente, o que queremos é uma exposição positiva ao fator ESG. Do processo de seleção, excluímos companhias envolvidas em atividades controversas”, revela o especialista. Adicionalmente, ainda há o engagement. A equipa tenta “empurrar as empresas para tomarem melhores decisões de gestão, diminuir o risco ambiental e melhorar o impacto social”. Por fim, estes não excluem logo à partida as empresas com pior rating ESG; olham para elas e tentam perceber se existe a possibilidade e a vontade de melhorar. “Mais uma vez, o que importa é a viagem”, afirma taxativamente.

Num mercado tradicionalmente mais volátil, como o mercado de pequena capitalização, o controlo da volatilidade é uma questão chave. “Para isso contribui a diversidade de ideias. Estas espalham-se por diferentes setores e fatores, mitigando o risco significativamente. O portefólio resulta quase num all weather de empresas de pequena dimensão”, explica Andrew Smith.

Porquê small caps? Porquê agora?

O especialista da Columbia Threadneedle começa por expor um ponto: “O investimento em empresas de pequena capitalização garante uma maior exposição ao mercado americano. Na verdade, é uma aposta nos Estados Unidos da América”. Enquanto as empresas enormes, como a Apple ou a Google, estão muito expostas a diferentes países, as empresas mais pequenas estão tendencialmente mais expostas ao seu país. “Isto é positivo porque, a nosso ver, no médio/longo prazo os Estados Unidos da América vão-se comportar melhor que o resto do mundo. É um país que está mais isolado da crise energética devido à sua produção interna, o consumo interno continua estável e o mercado de emprego muito forte”, analisa Andrew Smith.

Em relação ao timing do investimento, o gestor acredita que agora é o momento ideal para investir no segmento. A perspetiva é de recuperação económica e, “se a economia recuperar, as empresas de pequena dimensão são onde temos que estar”. “Num momento de recuperação económica, o retorno ajustado ao risco adicional tende a ser muito benéfico para os investidores. Além disso, este subsegmento está, aproximadamente, com múltiplos quatro vezes inferior ao das empresas de grande capitalização”, diz.

Ainda existe incerteza nos mercados, desde a eminente situação do aumento do teto da dívida americana, até à ainda presente guerra na Ucrânia. No entanto, o sentimento da equipa de gestão é agora muito mais positivo do que no ano anterior. “Acreditamos que os mercados tendem a olhar e descontar os eventos dos próximos seis meses. Na nossa opinião, está agora a acabar de descontar os eventos piores e a começar a olhar para a recuperação. É um bom momento para investir em empresas de pequena capitalização”, finaliza categoricamente Andrew Smith.