Um portefólio preparado para a inflação

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Créditos: FundsPeople

No passado dia 3 de novembro, a BlueCrow Capital organizou o seu evento anual onde um dos destaques foi os atuais níveis de inflação e como mitigar este efeito nos portefólios. Para Francisco Louro, parte da equipa da BlueCrow Capital, “assistimos a um cenário de inflação único para quem trabalha nos mercados financeiros. Não sentimos este ambiente há mais de 20 anos”.

O membro da equipa destaca que a política de investimento da casa é voltada para o longo prazo, com um foco geográfico mundial e com um viés para apenas empresas de qualidade. Destaca ainda: “É muito importante a gestão de volatilidade e apostar em empresas ainda em crescimento, uma vez que são as que historicamente geram mais retorno”.

É esta a filosofia do Discovery Fund, um fundo mobiliário gerido pela Lynx Asset Managers e com o aconselhamento financeiro atribuído à BlueCrow Capital. Para Francisco Louro, o foco tem mesmo que estar no longo prazo e deixa alguns dados interessantes. “Se analisarmos o mercado acionista (leia-se S&P 500, principal índice americano) em qualquer intervalo de 20 anos não houve um período em que o mercado caísse”, revela Francisco Louro.

O membro da equipa acredita que o preço de uma ação vai sempre seguir os lucros da empresa, no entanto, muitas vezes o mercado demora tempo a fazer este acompanhamento. Francisco revelou mais alguns pormenores sobre o seu processo de seleção de empresas. “Primeiro olho para empresas com maior taxa de crescimento do que a média do mercado, depois sim para o preço; não se deve pagar mais do que elas merecem”, admite.

E quando a inflação entra na equação, como é o caso do contexto atual, a questão que fica no ar é óbvia:  porque é que este tipo de empresas são boas nesta altura? Francisco Louro responde: “Pricing power”. Não é mais que imputar os custos acrescidos ao consumidor. “São empresas que dominam um nicho de mercado, têm uma marca fortíssima, empresas que operam em segmentos com barreiras à entrada e com margens operacionais acima da média. Também são empresas com baixo nível de financiamento, que consequentemente não são tão afetadas pela subida de taxas de juro”.

Área de capital de risco

No evento que teve lugar na AESE Business School houve também espaço para abordar o tema dos fundos de capital de risco, uma área a que a entidade se tem dedicado nos últimos anos. Tanto o BlueCrow Innovation Fund como o BlueCrow Growth Fund foram apresentados pelos gestores.

O BlueCrow Innovation Fund vai já na sua  quinta série e é o fundo de capital de risco mais antigo da BlueCrow. O produto investe em empresas na fase inicial do seu ciclo de negócio, e prefere projetos industriais de empreendedores portugueses. Para Bernardo Empis Meira, co-fundador da BlueCrow, a principal surpresa quando lançou o fundo foram “as oportunidades encontradas em Portugal no espaço do venture capital português”. 

Com um histórico de cerca de cinco anos, a entidade gestora construiu uma vasta rede de contactos e a capacidade para os transformar em oportunidades de negócio. No entanto, o processo continua o mesmo: “Investir em pessoas com boas ideais e a capacidade de as implementar”.

Quanto ao BlueCrow Growth Fund, este surgiu como uma resposta às necessidades dos investidores. O gestor do fundo, Duarte Calheiros e Menezes, revelou que o produto foi criado “depois dos investidores procurarem um fundo de longo prazo e com um controlo de risco apertado”. Estes investidores são agora diferentes dos que eram em 2019. Na altura o mercado de private equity português era dominado por investidores chineses. “Agora chega a Portugal um novo tipo de investidor, como o americano, que está mais habituado a investir neste tipo de ativo. Contamos também com muitos clientes turcos e ainda bastantes clientes chineses”, revelou o gestor.