No primeiro trimestre do ano, a carteira de investimentos das seguradoras manteve-se estável. A ASF mostra que os UL já perfazem 1/3 do total dos 50,6 mil milhões investidos.
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O primeiro trimestre de 2023 pode dizer-se que foi de alguma estabilidade para o universo de investimento das seguradoras. Como a ASF (Autoridade de Supervisão Financeira) reflete no seu último Relatório de Estabilidade Financeira do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões, nos primeiros três do ano o valor da "carteira de investimentos do setor segurador permaneceu globalmente estável".
Os fundos de pensões, por seu turno, sofreram uma quebra, mas como relembrado pelo regulador, esta foi "justificada pela saída de um fundo de pensões do universo de supervisão da ASF". Expurgando o efeito dessa saída, contudo, a evolução do setor face ao final de 2022 teria sido positiva, com um crescimento de 1,5%, como veremos em detalhe mais adiante.
Combate às vulnerabilidades
Segundo o que a ASF assinala, na gestão de investimentos de ambos os setores há vulnerabilidades a assinalar. No caso dos investimentos das empresas de seguros, "a concentração de exposições em zona creditícia na fronteira da classificação investment grade" é a principal; no entanto, salientam, está a ser "mitigado pelas durações tipicamente mais curtas dos títulos obrigacionistas detidos".
No que respeita aos fundos de pensões, "as vulnerabilidades face ao risco de desvalorização dos investimentos" são uma espécie de pau de dois bicos. O segurador escreve que, se por um lado são "mitigadas pela sua maior qualidade creditícia dos ativos detidos", por outro lado, são "amplificadas pelas respetivas durações tendencialmente mais longas das posições".
Em ambos os setores - tanto no setor segurador, como nos fundos de pensões - a ASF diz existirem "vulnerabilidades decorrentes da concentração de exposições num número restrito de emitentes, destacando-se, no caso das empresas de seguros, a maior proporção da exposição a emitentes soberanos mais suscetíveis de evolução desfavorável num eventual cenário de fragmentação dos mercados financeiros da Zona Euro".
Baixo risco de transição climático
Também a parte ambiental de ambas as carteiras mereceu algumas palavras da parte do regulador. "Revelam um baixo risco de transição climático - por via da reduzida alocação a setores considerados como climaticamente relevantes -, bem como alguma proteção face aos desafios ambientais, devido ao maior investimento em títulos classificados com risco ambiental médio e baixo", revela a ASF no relatório.
Um terço do valor afeto a unit-linked
Como referido no início, o valor da carteira do setor segurador manteve-se estável face ao final de 2022. Ascendia a cerca de 50,6 mil milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, ficando, contudo, abaixo do valor registado no final de 2021 (-1,4%). Do valor total, cerca de um terço corresponde a ativos afetos à carteira unit-linked, percentagem que tem registado um aumento global, apesar do recente abrandamento observado.
Como já referido, o valor dos ativos do setor dos fundos de pensões registou quebras mais pronunciadas. A ASF mostra que em março de 2023, o valor gerido se fixava em 18,3 mil milhões de euros, menos 24,2% do que o valor observado em dezembro de 2021". Destacam, no entanto, que "a redução verificada no primeiro trimestre de 2023, face ao final do ano transato, é justificada pela extinção do Fundo de Pensões do Pessoal da Caixa Geral de Depósitos (FPCGD)". Expurgando o efeito deste movimento, o regulador estima que a evolução do setor face ao final de 2022 teria sido positiva, com um crescimento de 1,5%.