Posicionar-se face ao desenlace do Brexit parece fácil: na libra e nas obrigações, mas as ações britânicas oferecem uma exposição que não capta o futuro político.
As emissões de dívida de um governo costumam ser vistas como um termómetro da confiança do investidor com um país (ainda que a cada vez maior intervenção dos bancos centrais no mercado o ponham em causa). Das ações, pelo contrário, não se pode dizer o mesmo. Por estes dias o Reino Unido voltou a ser o foco das câmaras. O Parlamento britânico aprovou pedir um adiamento para o Brexit, mas rejeitou a proposta de Boris Johnson de convocar já novas eleições. Seríamos capazes de nos posicionar a favor de um resultado via ações? Não é assim tão fácil. Na WisdomTree fizeram uma análise do cerne das ações britânicas com várias conclusões interessantes.
Primeiro, a rentabilidade por dividendo que as ações britânicas oferecem está entre as mais altas das bolsas desenvolvidas (5,25% no fim de julho). Isto, segundo Chris Gannatti, diretor de análise da empresa, implica duas coisas. Os investidores britânicos estão muito habituados a dividendos altos. Ao contrário dos Estados Unidos, onde se favorece a recompra de ações, as empresas inglesas optam pelo dividendo para os seus acionistas. Para os investidores não britânicos, abre a porta a que encontrem no Reino Unido um mercado que os ajude a cumprir os seus objetivos de retorno.
Mas entrar na bolsa britânica só pelo dividendo pode não ser a melhor estratégia, segundo Gannatti. De modo geral, pela sua escassa diversificação. O MSCI World ex-UK Index reúne 1,554 valores; o MSCI United Kingdom Index, 97.
Além disso, o especialista não está convencido com a exposição sectorial. “A maioria dos investidores podem ver a influência que a tecnologia tem na sociedade hoje em dia”, insiste. Nos índices da China e EUA este sector está a ganhar mais peso. 17,5% do MSCI World ex-UK Index já é representado pelo sector das Tecnologias da Informação. No Reino Unido, pelo contrário, apenas representa 1%.
Pelo contrário, o sector energético pesa 17,4%. “São empresas muito influenciadas pelo preço das matérias primas, como o crude”.
