Update do Amundi Funds Euroland Equity: gerar alfa selecionando as melhores empresas num mercado difícil de gostar

Fabio Di Giansante. Amundi
Fabio Di Giansante. Créditos: cedida (Amundi)

“As ações europeias são difíceis de gostar”, reconhece Fabio Di Giansante, uma conclusão a que chega após mais de duas décadas a gerir fundos de bolsa europeia. É uma classe de ativos que oferece oportunidades, apesar de haver fatores estruturais e técnicos que não ajudam.

Historicamente, a nível de valorizações, as ações europeias negociam com desconto face à bolsa americana. Mas com alguma razão, opina o gestor. “O ROE das empresas americanas tende a ser superior ao dos seus homólogos europeus”, aponta o diretor de Ações Europeias Large Cap da Amundi. Assim, o índice europeu tem um viés para empresas menos growth e mais cíclicas, que são penalizadas em momentos de incerteza. Consequentemente, Di Giansante destaca a política monetária. “O BCE está sempre atrasado em relação à Reserva Federal”, aponta.

A nível geopolítico, a Europa tende a estar no epicentro de quase todos os conflitos. Por exemplo, a percentagem de lucros das empresas provenientes da China é o dobro das empresas americanas. E, na opinião do gestor, a China encontra-se imersa numa profunda mudança do seu modelo económico, e tem de lidar com problemas estruturais em setores como o imobiliário. Ou, por outro lado, a escalada da tensão no Mar Vermelho, por onde passa 40% do comércio da Europa.

Assim, o facto de 27 países terem de concordar para implementar grandes medidas políticas abranda a inovação. Algo que pode atrasar a Europa como região, mesmo quando está em vantagem. “A Europa foi a primeira a anunciar o pacote de estímulo NextGen, e o dinheiro real demora a chegar à economia. Em contraste, os EUA aprovaram o seu plano de Redução da Inflação (IRA) anos mais tarde, mas esse dinheiro está a ser investido”, aponta.

O desconto europeu

Assim, em condições iguais, uma empresa europeia negocia com um desconto estrutural face ao seu homólogo americano. E isso acaba por pesar no mundo empresarial. “Ou os investidores colmatam esse spread na valorização, ou as próprias empresas o farão”, afirma. Nos últimos seis meses, duas das maiores empresas irlandesas, a CRH e a Flutter, passaram a negociar na bolsa americana. No final do dia, 50% do seu negócio já provinha dos EUA, mas mudar de bolsa tem outros benefícios.

O sítio que ocupa na mesa muda dependendo de se está no S&P 500 ou no Eurostoxx”, afirma. Além disso, se uma empresa quiser realizar alguma operação corporativa, terá mais facilidade em financiar a aquisição com ações americanas do que com ações europeias.

Tudo isto constrói o argumento de Fabio DI Giansante, a favor de uma abordagem pragmática para as ações europeias. “Para a bolsa europeia funcionar, é preciso que muitos elementos se encaixem”, defende.

Amundi Funds Euroland Equity: os segredos da sua consistência

Por isso, a sua filosofia de investimento para as ações europeias baseia-se numa abordagem muito seletiva das empresas que coloca em carteira. É o estilo que Di Giansante aplica há 18 anos no Amundi Funds Euroland Equity. Com uma rentabilidade anual de 6,4% a 10 anos e de 9,97% a cinco anos, o fundo era um dos produtos emblemáticos da Pioneer na classe de ativos, e agora prolonga o seu legado na Amundi, sendo que conta com Rating FundsPeople em 2024.

O estilo de gestão de Fabio Di Giansante e de Lorenzo Angelini, cogestor desde 2015, baseia-se na premissa de que, a curto prazo, 70% do movimento de uma ação é baseado em fatores externos, mas que, a longo prazo, o fator determinante é a qualidade da empresa individual. “Assim, a única coisa que podemos fazer é selecionar os melhores nomes”, argumenta o gestor.

Dito isto, a análise macro tem um papel importante no seu processo de seleção. “Não quero uma bola de cristal, mas nas ações europeias é importante pensar na macroeconomia”, explica. Além disso, a gestão do risco é fundamental. Os retornos ajustados ao risco são a base sobre a qual constroem uma carteira concentrada e com viés para large caps.

Combinação de apostas core e satélite

Para o gestor, estes elementos definem a filosofia do Amundi Funds Euroland Equity há quase duas décadas, onde enfrentou diferentes tipos de mercado sem alterar o seu estilo de investimento. Um exemplo recente são os anos de 2021 e 2022. Num, as empresas beneficiadas foram as de estilo growth, enquanto no outro, os nomes value e cíclicos funcionaram melhor. Sem ter preferência por nenhum dos estilos, o fundo posicionou-se no primeiro quartil da sua categoria nos dois anos consecutivos.

Esta consistência explica-se pela combinação de apostas core (núcleo) e satélite na carteira. As primeiras são nomes de alta convicção e qualidade, na opinião dos gestores. Os segundos não se destacam necessariamente pelo seu modelo de negócio, mas movem-se com uma cotação demasiado interessante para serem taticamente ignoradas. “Estes últimos são nomes que não podemos esquecer de vender quando já cumpriram o seu papel”, explica o gestor. Na opinião de Fabio Di Giansante, este estilo de gestão muito ativa e tática é o que lhe permite suavizar os retornos a longo prazo.