A estratégia do FTGF Clearbridge US Equity Sustainability Leaders, fundo com Rating FundsPeople 2023, co-gerida por Derek Deutsch, foi lançada em 2015, embora a Clearbridge Investments, gestora afiliada da Franklin Templeton, considere critérios de sustentabilidade na gestão desde 1987. Sobre o que significa ser líder em sustentabilidade, o gestor esclarece que “significa que ou são empresas que abordam algum tipo de desafio global (alterações climáticas, perda de biodiversidade) através dos seus produtos e serviços, ou que gerem os seus negócios de forma sustentável, com atenção a fatores ambientais e sociais”. A proporção entre ambas as tendências é, atualmente, de 60%-40%, embora sejam flexíveis.
A Microsoft é um claro exemplo do segundo tipo de posições na carteira. “Não enfrenta um desafio específico relacionado com a sustentabilidade, mas está a gerir a sua pegada de carbono de uma forma muito responsável e está empenhada em compensar todas as suas emissões, desde o seu início como empresa. Investir neste tipo de empresas é reconhecer os seus êxitos”, assinala o gestor.
Construção da carteira
Na busca de ambos os tipos de empresas, utilizam métodos quantitativos e qualitativos, mais baseados na análise fundamental. Dispõem de um sistema próprio de pontuação ESG.
A carteira resultante é fruto de uma seleção de ações mais do que uma visão macro ou top-down, por isso, as suas posições setoriais não costumam diferir muito das do índice de referência, o Russell 3000. Focam-se em encontrar as melhores empresas dentro de cada setor, mas há setores em que não investem, como as energias tradicionais e fósseis.
Efeito da IRA
Sobre os efeitos da IRA (Inflation Reduction Act) nas posições do fundo, Derek Deutsch assinala que a “legislação aprovada em agosto de 2022 foi muito bem recebida e, além do dinheiro incluído na legislação, levou a uma resposta muito forte por parte do setor privado, com planos de investimento que ultrapassam um bilião de euros”. Trata-se de uma enorme quantidade de capital que será destinado a projetos de energias renováveis, tecnologias limpas, mobilidade sustentável, transição energética.
“Inicialmente, as valorizações refletiram um aumento com a aprovação da legislação, mas, mais recentemente, muitos projetos acusaram o impacto das subidas das taxas de juro”, acrescenta. Apesar das quedas registadas por empresas de energia solar e renováveis, Derek Deutsch observa que “embora a curto prazo isso possa ser um entrave, a longo prazo (entre três e cinco anos) estão muito bem posicionadas”.
Os desafios
Dada a experiência de Derek Deutsch na gestão com critérios de sustentabilidade, a sua reflexão é que os desafios que enfrenta não mudaram muito, “embora o que as pessoas escolhem observar mude. Por exemplo, a diversidade e a inclusão financeira sempre existiram, mas vão surgindo movimentos que os trazem para primeiro plano.
Um exemplo mais recente é a biodiversidade. “Vemos uma maior atenção ao que as empresas podem fazer a esse respeito. No nosso caso, os analistas estão a começar a ter este assunto em conta do ponto de vista qualitativo, perguntando às empresas sobre a gestão dos seus terrenos, sobre a informação relativa às cadeias de abastecimento, analisando mais questões como a poluição, embora ainda seja um trabalho pouco desenvolvido, sem métricas claras”, afirma.
Algumas ideias de investimento
Dentro da estratégia ativa que caracteriza o fundo, Derek Deutsch volta a sublinhar a preferência pela Microsoft. “Vão ser beneficiados pela IA e estão muito bem posicionados. De facto, já estão a incorporar a IA em partes do seu software e no motor de busca”, afirma. Outra empresa que destaca é a Eaton Corporation. Trata-se de uma empresa industrial que produz componentes elétricas relacionadas com a distribuição e produção de eletricidade, como transformadores, linhas elétricas, ou estações de carregamento de veículos elétricos. “A necessidade de uma maior eletrificação significa que esperamos um crescimento significativo nos seus resultados”, afirma.
Por último, Derek Deutsch menciona a Trez, uma empresa que produz pavimento laminado a partir de um material que utiliza plástico reciclado. “Muitos consumidores gostam deste produto porque é fácil de manter e está rapidamente a ganhar quota de mercado em relação ao pavimento de madeira”, explica.
O gestor reconhece que, a nível de resultados, 2023 está a ser um ano difícil, mas está confiante de que “os investidores orientados para o longo prazo e que querem ter uma carteira em linha com os seus valores, são capazes de entender que, mesmo com altos e baixos, verão as suas recompensas”.
